
ambiente
Projecto Biomares entra no último ano com bons resultados
Nos
últimos 20 anos, os cerca de 30 hectares de pradarias marinhas do
Portinho da Arrábida, junto à serra da Arrábida, foram destruídos
pelo Homem. A colocação de poitas (sistema de
fixação) no fundo
marinho para a amarração dos barcos de recreio, a captura de
bibalves por mergulhadores e a pesca com ganchorra arrasaram a
biodiversidade marinha local. «Hoje, já há outra vez plantas a
crescer nas pradarias do Parque Marinho Luiz Saldanha», garante
Alexandra Cunha, investigadora da Universidade do Algarve e
coordenadora do projecto LIFE Biomares, que decorre desde Janeiro de
2007 e se prolongará até ao dia 1 de Janeiro de 2011.
Em
2009, a equipa do projecto Biomares conseguiu plantar 30 novas áreas
com plantas marinhas, mais do dobro do que em 2008. O objectivo é
chegar ao final do ano com 10 hectares reflorestados. O processo é
simples: plantas marinhas recolhidas na Ria Formosa, no rio Mira e no
estuário do Sado, são atadas a uma grade de ferro, que é depois
depositado no fundo do mar. A um ano do fim do projecto, a também
presidente da Liga para a Protecção da Natureza (LPN) disse ao
AmbienteOnline que «as 26 acções previstas
estão quase todas implementadas».
À
excepção da construção de um pontão no Portinho da Arrábida,
que ainda não avançou por «questões burocráticas» relacionadas
com as licenças, «o projecto está a correr muito bem», afirma a
responsável. A criação, em 2008, da Administração de Região
Hidrográfica do Tejo, que tem também jurisdição sobre aquela
zona, veio atrasar o processo, refere Alexandra Cunha.
Até
ao momento, a equipa, composta maioritariamente por investigadores do
Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR), já colocou também
amarrações “amigas do ambiente”, que conciliam a navegação
náutica com a recuperação e protecção dos fundos marinhos, o que
traz «benefícios enormes», sublinha a coordenadora. No entanto,
lamenta, «as pessoas reclamam, porque não têm noção do valor dos
ecossistemas que estragam».
Informação
sobre parques marinhos é escassa
Para
além da recuperação das pradarias, o projecto visa a obtenção de
informação sobre a ecologia do Parque Marinho Luiz Saldanha, que
será depois utilizada pelos gestores do parque. «Há pouca
informação sobre os parques marinhos portugueses», critica. A
equipa de investigadores está a recolher informação a três
níveis: caracterização do fundo marinho, que estará completa e
acessível aos gestores do parque dentro de um ano; censos visuais da
fauna e flora feitos em mergulho, que já confirmaram o aumento do
número de espécies nas zonas de protecção total; e pesca
experimental, com posterior libertação dos peixes para o meio
marinho.
O
projecto, que envolve o investimento de 2,4 milhões de euros, é
financiado em 50 por cento pelo programa LIFE - Natureza da Comissão
Europeia, e os restantes 50 por cento são pagos pela Secil. A
empresa «”destruiu” parte da serra para fazer a fábrica, mas
agora estão a reparar o estrago, no âmbito da iniciativa
Business&Biodiversity», elogia Alexandra Cunha. Uma vez que
«quatro anos para um projecto deste tipo é muito pouco tempo»,
explica, a equipa planeia fazer uma nova candidatura ao programa
LIFE, para prosseguir o projecto.