Benedito Braga: “Precisamos de mais vontade política”

Benedito Braga: “Precisamos de mais vontade política”

A sessão de abertura do 8º Fórum Mundial da Água realizou-se hoje no Palácio de Itamaraty, em Brasília, e contou com a presença de 14 chefes de Estado e do presidente da República do Brasil, Michel Temer. O presidente do Conselho Mundial da Água (CMA), Benedito Braga, apelou, na sua intervenção, ao poder político, exortando a que a água seja colocada “no cerne das estratégias nacionais” de desenvolvimento dos países e garantindo “o engajamento de todos os atores” da sociedade de diferentes setores, incluindo saneamento, energia e agricultura. “Precisamos de mais vontade política”, afirmou.

O financiamento foi outro dos principais desafios elencados pelo presidente do CMA, a entidade responsável pela organização do Fórum Mundial da Água, de três em três anos, em conjunto com o país e cidade anfitriã. Para cumprir os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, será necessário investir cerca de 650 mil milhões de dólares por ano até 2030 de forma a garantir “que existe a infraestrutura necessária para a segurança hídrica”, estimou.

Benedito Braga destacou ainda a necessidade de promover soluções “adaptativas e inovadoras” e de investir em infraestruturas “mais resilientes”, com capacidade de se moldarem e resistirem a um mundo em mudança, nomeadamente climática.  “Uma abordagem adaptativa é a única forma de olharmos para o futuro com confiança”, vaticinou.

O tema desta edição do Fórum é “Compartilhando Água” e Benedito Braga recordou que 97% dos recursos disponíveis de água doce no mundo ficam localizados em aquíferos transfronteiriços. “O compartilhamento de uma bacia hidrográfica não é um fardo, mas um incentivo ao diálogo entre as partes”, observou. A “maximização da colaboração transfronteiriça” e a “construção conjunta de políticas públicas robustas”, prosseguiu, tem sido um dos principais objetivos do CMA, criado há 22 anos.

“É uma ilusão pensarmos que pode haver sustentabilidade para uns e não para outros”, afirmou também Michel Temer, na abertura do evento, que foi transmitido ao vivo para a sala principal do Centro de Convenções Ulysses Guimarães. “As soluções que buscamos são necessariamente coletivas”.

Entre os desafios, o chefe de Estado brasileiro elencou os 2 mil milhões de pessoas que hoje não dispõem de uma fonte de segura de água em casa e os mais de dois mil milhões sem acesso a saneamento. “O acesso à água e saneamento está intimamente ligado à nossa capacidade de crescer de forma sustentável”, disse ainda, assumindo o compromisso do Brasil para com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. “Estamos firmemente empenhados em implantar a Agenda 2030”, assegurou.

O 8º Fórum Mundial da Água prossegue hoje com a primeira conferência ministerial e sete painéis de alto nível. O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, irá participar no painel “Conectando Água e Clima” e a secretária de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Teresa Ribeiro, marcará presença na sessão dedicada a “Água e Migrações”.

No final do dia, será também apresentado o relatório de 2018 da Organização das Nações Unidas para a Água e Desenvolvimento. 

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