Centrais solares ocuparão 10 mil hectares até 2030, alerta ZERO

Centrais solares ocuparão 10 mil hectares até 2030, alerta ZERO

Com os objetivos delineados pelo Governo de atingir 9GW de potência solar até 2030 - aproximadamente 7 GW em solar centralizado e 2 GW em solar descentralizado –, a área ocupada com estas instalações pode atingir ou mesmo superar os 10 mil hectares, uma dimensão equivalente ao concelho de Lisboa. Estas metas constituem uma aposta exponencial nestas infraestruturas, principalmente se tivermos em conta que no final de 2020 estavam instalados em Portugal apenas 600MW de potência solar centralizada. “Considerando que a opção pode recair na concentração dos projetos em determinadas regiões e em áreas sensíveis, o resultado final pode ser desastroso”, afirma a ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável.

 

Das nove grandes centrais solares que estiveram em consulta pública no primeiro trimestre do ano, a maioria está prevista para áreas florestais e apenas uma é "um exemplo a seguir", considera a associação Zero, referindo que três dos projetos apresentados merecem reprovação, "pela sua dimensão e pelo tipo de área afetada ou extensão das linhas de muito alta tensão", e em cinco há "aspetos que era importante serem fortemente acautelados".

 

"A Zero olha com muita apreensão para esta nova corrida à instalação de parques solares fotovoltaicos, alguns de grande dimensão, em que a seleção dos locais recai em grande parte sobre áreas florestais, desde logo porque, com a destruição das florestas, os benefícios ambientais que decorrem da instalação podem não ser superiores aos da manutenção da área florestal", acentuou a organização ambientalista, na mesma nota.

 

Segundo a associação, dos nove projetos, apenas um tem a intenção de instalar a central numa "área concessionada para exploração de recursos geológicos" e alguns exigem áreas contínuas que "chegam a ultrapassar os mil hectares". Embora considere "positiva para o país" a intenção do investimento no solar fotovoltaico, para que Portugal alcance "a neutralidade climática em 2050", a ZERO alertou ser fundamental prevenir "impactes e conflitos", como afirma ter acontecido com a expansão da energia eólica "em zonas sensíveis". "Esta artificialização, como que ´alcatifando` o território, resulta numa enorme alteração da paisagem e artificialização de áreas rurais, com inevitáveis impactes negativos para o ambiente e para as populações que aí residem", reforçou a associação ambientalista, que chamou ainda a atenção para a possibilidade de perdas para o potencial turístico e para a valorização do património natural das regiões.

 

A Zero enfatizou ainda estarem em causa, entre áreas com montado e sobreiros dispersos, outras folhosas, pinheiro-bravo e pinheiro-manso e eucaliptos, "mais de 2.200 hectares de área florestal que serão afetadas com a instalação de centrais fotovoltaicas", o que corresponde a "63% da área a intervencionar".

 

Posto isto, a organização de defesa do ambiente defendeu a realização de "estudos urgentes sobre o impacte das centrais na fauna, em particular sobre a avifauna", por a instalação de linhas elétricas resultar em mortalidade, "decorrente de colisão com os condutores aéreos", e preconizou "medidas de mitigação, que podem incluir linhas enterradas em algumas áreas mais sensíveis".

 

Na mesma nota a Zero sublinhou ser "imperativo melhorar o acesso à informação sobre os projetos em consulta por parte dos residentes nas imediações das áreas onde se pretendem instalar centrais fotovoltaicas", tendo em conta as "inúmeras queixas que chegam" à associação nesse sentido.

 

As nove centrais solares fotovoltaicas estão previstas para os concelhos de Viseu (Central Solar Fotovoltaica [CSF] Lupina), Vila Nova de Paiva (CSF Adomingueiros e Nave), Alenquer e Azambuja (CSF Cerca), Alenquer (CSF Carregado), Azambuja (CSF Rio Maior e Torre Bela), Niza (CSF Falagueira), Albufeira (CSF Montechoro I e II), Santiago do Cacém (CSF THSiS) e Moimenta da Beira e Armamar (CSF Douro Solar).

 

Consulte aqui a notícia da edição n.º236 do jornal Água&Ambiente sobre esta temática.

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