Colunista Nuno Campilho (Água e Resíduos - Regulação): Meter água

Colunista Nuno Campilho (Água e Resíduos - Regulação): Meter água

Ainda que signifique “errar e enganar-se escandalosamente”, neste caso vem a propósito do evento que os SIMAS de Oeiras e Amadora estão a organizar, designado ‘WaterSummit’.

Decorre no dia 22 de março, a partir das 14h, no Taguspark e, para além de comemorar duas efemérides – os 90 anos dos SIMAS e o Dia Mundial da Água – é mais uma tentativa de trazer o tema da gestão da Água para a agenda.

Seis distintos e reputados intervenientes, em áreas diversificadas da sociedade, para falar de Água para Todos, porque Todos Somos Água. Seis destacados e competentes profissionais a pensar global e a agir local.

“Pensar Global e Agir Local”, é um lema usado em vários contextos. A expressão original, "think global, act local", foi atribuída ao escocês Patrick Geddes, decorrente de ideias, ao nível do planeamento urbano, desenvolvidas no livro “Cities and Evolution”. Ainda assim, o pioneirismo da sua utilização, num contexto ambiental, é contestado, e corre alguns nomes, entre 1969, 1972 (Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente, Estocolmo) e 1979.

E onde é que entra agenda nisto, ou, melhor, onde é que isto entra na agenda?

Como é bom de ver, pelo infeliz mediatismo que sobre ela impende, a Água – ou a falta dela – tem sido motivo das mais diversas notícias, fóruns, programas, campanhas, intervenções políticas, debates, e está na agenda... por questões de necessidade.

Depois dos SIMAS (então SMAS), terem tentado, em 2007 (campanha “Torneira”, que mereceu um processo por parte da APIAM, mas também um prémio, por parte da ERSAR), tivemos – apenas a título de exemplo – o escritor e politólogo João Pereira Coutinho (que nos apresentou Elizabeth Royte e o seu “Bottlemania: How water went on sale and why we bought it”), o pediatra Mário Cordeiro (com o consumo de água da torneira por bebés), o jornalista Luís Pedro Nunes (com o consumo de água bruta), o cronista Henrique Raposo(com “a água não é para brincadeiras”), o médico Manuel Pinto-Coelho (com a água do mar), o especialista em alterações climáticas Filipe Duarte Santos (com o luxo de deitarmos na sanita a água que bebemos), o investigador norte-americano Peter Gleick (que nos apresentou “Bottled & Sold: The story behind our obsession with bottled water”); não sendo, portanto, por acaso, que estes três últimos estão entre os intervenientes na ‘WaterSummit’ e também não é por acaso que nenhum deles é um decisor, ou interveniente direto na marcação da agenda.

Considerando que aqueles que deveriam ser mais pró-ativos na colocação da Água no topo das prioridades políticas, tardam em fazê-lo, pode ser que aqueles que não teriam de o fazer, consigam fazê-lo.

Quanto ao resto, embora não sendo possível assegurar a sua presença física (decorre, paralelamente, o Fórum Mundial da Água, em Brasília), o apadrinhamento deste evento por parte do Ministério do Ambiente, foi imediato, contando com o seu Alto Patrocínio. Não posso deixar de destacar o papel ativo desempenhado, com este propósito, pelo Secretário de Estado do Ambiente. Amplamente merecedor de gratidão e reconhecimento.

Também o Senhor Presidente da República nos honrou com o seu Alto Patrocínio, o que, para além do orgulho, traz uma carga de responsabilidade acrescida muito significativa.

Considerando todos os esforços que têm sido feitos, pelos mais diversos setores e protagonistas; considerando a chuva que, finalmente, parece cair à medida das necessidades da populações; considerando que o Governo já admitiu que o combate ao desperdício e o apelo à poupança também tem de ser feito no setor agrícola, sobretudo no que à componente da irrigação diz respeito; também já estará na altura de todos se poderem juntar a nós (e a tantos outros), que não esquecem a letra de uma música de PedroAbrunhosa e continuam a porfiar por “fazer o que ainda não foi feito”.

Neste caso, bem a propósito, pode ser “meter água”... em sentido figurativo!

Nuno Campilho é licenciado em Relações Internacionais pela Universidade Lusíada e Pós-graduado em Comunicação e Marketing Político e em Ciência Política e Relações Internacionais. Possui ainda o Executive MBA do IESE/AESE. Foi presidente da União das Freguesias de Oeiras e São Julião da Barra, Paço de Arcos e Caxias e consultor especializado em modelos de gestão de serviços públicos de água e saneamento. Foi administrador dos SMAS de Oeiras e Amadora e chefe de gabinete do Ministro do Ambiente Isaltino Morais. Exerceu ainda funções de vogal do Conselho de Gerência da Habitágua, E.M.. É membro da Comissão Especializada de Inovação da APDA e Diretor Delegado dos SIMAS de Oeiras e Amadora.

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