Fórum Mundial da Água: Europa tem de gerir melhor a água, diz ministro

Fórum Mundial da Água: Europa tem de gerir melhor a água, diz ministro

A Europa pode ter atingido um nível de infraestruturação na área da água e uma qualidade de gestão assinaláveis, mas isso não significa que o trabalho esteja feito. Para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030, “qualquer país tem um grande trabalho pela frente”, enfatizou o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, na apresentação do relatório Europa, hoje no Pavilhão de Portugal, ainda que “o ponto de partida e o objetivo de chegada possam ser diferentes”.

Focando o caso de Portugal, o governante salientou a necessidade de melhorar modelos de gestão e reforçar a operação e manutenção, mas também de fixar “um preço justo” pela água, que contemple “o acesso de todos, mas assegure a sustentabilidade económico-financeira dos sistemas”.

A consciencialização e a mobilização para a concretização de ações práticas que se coadunem com a importância atribuída a este recurso foi outra conclusão do relatório destacada por João Pedro Matos Fernandes. “O verbo adaptar aplica-se de forma perfeita a este setor. Temos de gastar menos água e adaptarmo-nos na gestão deste recurso escasso”, concretizou.

O relatório que foi coordenado pelo Ministério do Ambiente de Portugal, através de uma equipa de especialistas, liderada por Jaime Melo Baptista, em colaboração com a European Pact for Water, uma rede que agrega 30 organizações não-governamentais, reuniu contributos de 254 organizações de 52 países e contempla seis capítulos temáticos abordando desafios específicos da articulação entre água e Clima, Cidades, Pessoas e Ecossistemas e questões transversais como a Governança ou o Financiamento.

Foi elaborado no âmbito do Processo Regional do Fórum Mundial da Água.

MENSAGENS CHAVE


Para cada um destes temas, foram sistematizadas mensagens-chave que se pretende que possam ser divulgadas junto de decisores, profissionais e empresas, mas também dos cidadãos.

O desafio das alterações climáticas que traz a ameaça de agravamento de cheias, secas e erosão costeira exige, por exemplo, que se dê prioridade à adaptação, tornando os sistemas mais resilientes contra desastres naturais. Medidas que deverão ser tomadas com base em análises de risco, face à incerteza associada aos cenários climáticos, mas também envolvendo diversos atores da sociedade que utilizam este recurso. “Precisamos de gerir bem a água”, resumiu Rodrigo Oliveira, do Instituto Superior Técnico que assinou o capítulo temático sobre água e clima.

Quanto aos serviços urbanos de água e saneamento, “a próxima dor de cabeça da Europa é a renovação de infraestruturas”, adiantou Lesha Witmer, da European Pact for Water. “As nossas redes estão a desfazer-se debaixo dos nossos pés”, ilustrou. O relatório salienta assim a necessidade de se investir na gestão patrimonial e de melhorar a eficiência dos serviços, bem como de apostar na combinação de soluções mais avançadas com outras de baixo custo.

A implementação da economia circular no ciclo urbano da água e a reutilização de águas residuais tratadas são as principais recomendações que ressaltam do capítulo “Água e Cidades”, a par de um apelo ao aumento de soluções verdes e naturais de retenção de água.

Já no capítulo dedicado aos Ecossistemas, realça-se a necessidade de priorizar a gestão e recuperação de ecossistemas e de controlar a poluição difusa na agricultura, entre outras recomendações. O responsável por este capítulo, Peter Gammeltof, da Comissão Internacional para a Proteção do Rio Danúbio explicou porquê: “Os ecossistemas fazem parte da nossa economia. Sem água, não há empregos, não há PIB”.

A mobilização de financiamento para soluções inovadoras na área da água é outro desafio da Europa, assim como a recuperação de custos dos serviços ou a melhoria da sua eficiência para que seja possível serem financiados a custos mais baixos.

O uso eficiente da água, do lado da oferta, assim como a proteção de reservas estratégicas são mensagens chave na área da Governança. Mas o relatório enfatiza ainda a necessidade de gerir a procura e de articular as prioridades na área da água com as de outras políticas setoriais, nomeadamente no domínio da energia, agricultura e uso do solo.

“Este relatório é uma primeira versão que será complementada com contributos do Fórum”, recordou ainda Jaime Melo Baptista. Durante os próximos dias, estão agendadas diversas sessões dedicadas aos desafios específicos da região Europa, assim como painéis inter-regionais para analisar problemáticas comuns e explorar soluções partilhadas.

O coordenador do Processo Regional, Irani Ramos, adiantou ainda que, no final do 8º Fórum Mundial da Água, será produzido um relatório global com as principais conclusões e mensagens-chave das várias regiões do globo.

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