Jan Schulz (Landbell): Benefícios da concorrência na gestão das embalagens na Alemanha (COM VÍDEO)

A concorrência na gestão dos resíduos de embalagens na Alemanha só trouxe benefícios. Quem o diz é o CEO da Landbell, entidade que quebrou o monopólio deste fluxo específico de resíduos naquele país há uma década.

“Quem ganhou com a concorrência foram os stakeholders (intervenientes), o ambiente e o país em geral”, resume Jan Patrick Schulz ao Ambiente Online.

“Os consumidores, por exemplo, beneficiaram de uma redução de preços para metade. Na Alemanha o serviço de recolha de embalagens custava dois mil milhões de euros. Dez anos depois da implementação da concorrência este valor desceu para mil milhões de euros. As famílias na Alemanha poupam 50 euros por ano só em virtude da concorrência. Os produtores também beneficiam dos baixos preços, mas também de um melhor serviço”, argumenta.

Por outro lado, destaca Jan Patrick Schulz, existem menos free riders. “!Na Alemanha, durante o tempo do monopólio, existiam 20 mil clientes e agora temos 70 mil. Ou seja, 50 mil clientes, que foram free riders, entraram no sistema. Isso mais uma vez ajuda os stakeholders”, ilustra.

O ambiente também saiu beneficiado. “No início dizia-se que os níveis de reciclagem iriam descer ou e haveria mais incineração, mas foi o oposto que aconteceu. Os níveis de reciclagem são actualmente mais elevados. Cresceram 18 por cento”, enfatiza.

O país globalmente também ganhou, destaca, já que fruto da concorrência teve que procurar inovação e novas tecnologias, produtos e conhecimento que podem potencialmente ser exportados.

Jan Patrick Schulz foi um dos convidados da conferência que assinalou o 10º aniversário da constituição da European Recycling Platform (ERP) Portugal e que decorreu esta manhã no auditório Sophia de Mello Breyner do Centro Cultural de Belém, em Lisboa. 

Recorde-se que a ERP Portugal é uma das entidades gestoras para os fluxos específicos de Resíduos de Equipamentos Eléctricos e Electrónicos (REEE) e ainda para Pilhas & Acumuladores. É accionista da Novo Verde que aguarda a emissão da licença para gestão de resíduos de embalagens, que abrirá esta última área à concorrência.

Ana Santiago