
Projecto da EPAL é exemplo europeu na adaptação às alterações climáticas
O projecto Adaptaclima da EPAL, apresentado em Bruxelas como uma referência no que diz respeito à adaptação às alterações climáticas, vai servir de exemplo para o desenvolvimento de outros projectos de prevenção e gestão de riscos por parte de Estados-membros que queiram ter acesso a fundos comunitários no sector da água já que é condição para o novo quadro de financiamento da União Europeia a existência de avaliações de risco para gestão de desastres nesta área, apurou o Ambiente Online.
A EPAL participou no seminário e workshop “Climate change adaptation, risk prevention and management in the Water Sector”, que teve lugar nos dias 21 e 22 de Outubro, em Bruxelas, e o projecto apresentado foi visto como um exemplo de boas práticas na Europa no âmbito da gestão do risco decorrente das alterações climáticas.
"Este projecto apresenta características inovadoras – não só pelo facto de não serem conhecidos muitos exemplos de empresas de abastecimento de água que se estejam a preparar neste domínio, como também pelas soluções encontradas, nomeadamente a delineação de um plano de adaptação flexível, baseado em indicadores de monitorização dos efeitos das alterações climáticas”, explicou ao Ambiente Online a responsável da Unidade de Planeamento de Activos da EPAL, Ana Luís.
O caso da EPAL enquadrou-se como uma avaliação de risco que “pode ser reproduzida por outras entidades que procurem desenvolver medidas de adaptação, tendo havido muito interesse no conhecimento e discussão sobre diversos pormenores do projecto”, revela Ana Luís salientando que foi ainda muito valorizado o facto de a EPAL ter avançado para um estudo deste tipo “sem qualquer incentivo externo”.
O workshop foi realizado no âmbito do projecto Jaspers (que presta apoio aos países que mais recentemente integraram a União Europeia) em colaboração com a Comissão Europeia e dirigiu-se a todos os Estados-membros.
A EPAL realizou entre 2010 e 2013 o projecto Adaptaclima, com o objectivo de aumentar o conhecimento da empresa sobre os potenciais impactes e vulnerabilidades do sistema face à variabilidade e alterações climáticas na sua área de influência. “O projecto pretendeu também identificar as bases para o desenvolvimento de uma estratégia de adaptação, como resposta às eventuais vulnerabilidades”, sublinha Ana Luís.
Tratou-se de um estudo científico coordenado pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, sob orientação geral de Filipe Duarte Santos, contando também com a participação da EPAL, Universidade de Aveiro, Universidade Nova de Lisboa e do Instituto Superior Técnico.
A metodologia do projecto abrangeu as vertentes de “modelação com a regionalização de cenários climáticos e socioeconómicos para a área de influência da EPAL (cerca de um terço do território de Portugal continental), a avaliação de impactes e vulnerabilidades do sistema às alterações climáticas e, por fim, o delinear de uma estratégia para a redução de riscos e adaptação do sistema”.
A investigação incidiu nas variáveis climáticas com maiores impactos potenciais na quantidade e qualidade de água nas origens, “nomeadamente temperatura, precipitação, eventos extremos e evolução da cunha salina no estuário do Tejo”, explica a responsável.
Durante o projecto realizaram-se vários workshops em que participaram vários especialistas da empresa, “de forma a privilegiar a vertente aplicada do projecto tendo em conta a missão e o serviço público prestado pela EPAL”.
Ana Santiago