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Fábrica de reciclagem de plásticos acusada de descargas poluentes
A associação ambientalista Quercus denunciou ter recebido queixas de descargas poluentes na ribeira de Seiça, provocadas por uma unidade de reciclagem de plásticos da empresa Tubogriz. A Câmara de Ourém garante estar a tomar medidas, juntamente com as autoridades, para resolver o problema.
Segundo Domingos Patacho, do núcleo regional do Ribatejo e Estremadura da Quercus, estão a ser lançados para a linha de água “efluentes sem tratamento” do processo fabril de reciclagem de plástico, pela Tubogriz-Fábrica de Tubos para Indústrias Eléctricas. O lançamento na ribeira de Seiça destes efluentes poluentes, acrescenta o ambientalista, ameaça todo o ecossistema ribeirinho, mas coloca em risco “em especial a rara lampreia do Nabão, espécie em vias de extinção”.
Esta espécie de lampreia (Lampreta auremensis) foi recentemente identificada por investigadores das universidades de Lisboa e de Évora. Domingos Patacho alerta para a necessidade de se assegurar a preservação da qualidade da água nas áreas de distribuição muito restritas da lampreia do Nabão, principalmente de “efluentes não tratados, resultantes de lavagens de plásticos, com a libertação de óleos, restos de tintas e detergentes”.
A Quercus, em comunicado, revela que “já foram alertadas as entidades competentes para o problema da poluição” e considera “inaceitável manter a operação da fábrica da Tubogriz enquanto não forem resolvidos estes problemas, nomeadamente a descarga de efluentes sem o devido tratamento e consequente poluição da ribeira e o abandono de resíduos que afectam o ambiente e a qualidade de vida das pessoas.”
A associação adianta que o Serviço de Protecção da Natureza e Ambiente (Sepna) da GNR já levantou vários autos de notícia de contra-ordenação, por “descarga de águas residuais para domínio hídrico sem licença da Administração da Região Hidrográfica do Tejo/Agência Portuguesa do Ambiente (APA)”, falta de licença da Câmara de Ourém “para operações urbanísticas” e ainda ausência “de alvará da APA para proceder a operações de gestão de resíduos, devido ao abandono e aterro ilegal das lamas contaminadas.” Perante o que classifica como “falta de actuação do Ministério do Ambiente para cessar as infracções”, a Quercus apela à Inspecção-geral da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território “para interditar o funcionamento das operações ilegais da fábrica da Tubogriz”.
“É uma situação que repudiamos e estamos a desenvolver todos os meios ao nosso alcance para que o caso não fique sem solução”, garante ao AmbienteOnline José Alho, vereador na Câmara de Ourém. O problema, adianta o autarca responsável pelo pelouro do Ambiente, “está a ser tratado há longos meses”, quer no âmbito dos serviços camarários, quer da empresa municipal Ourémviva, que gere a rede de saneamento. O vereador explica que foram “detectadas descargas clandestinas” poluentes que afectaram o normal funcionamento da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Seiça e que levaram à participação às autoridades competentes – Sepna da GNR e APA.
O autarca espera que as diligências evitem novas descargas poluentes para a ribeira e que a empresa conclua o processo de legalização da unidade industrial e da indispensável ETAR.