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Desmantelamento naval e de viaturas em quebra
O fim do incentivo fiscal ao abate de veículos em fim de vida (VFV) teve um significativo impacto no parque automóvel do país, mas também nas empresas de transformação de metais. A Batistas – Reciclagem de Sucatas compensa a quebra no mercado com o desmantelamento de navios, mas mostra-se disposta a embarcar para outros mercados mais atractivos, nomeadamente o Brasil.
A empresa com sede na Azambuja foi visitada, em Julho, por duas dezenas de empresários e gestores brasileiros no âmbito da iniciativa “Usinas de Reciclagem de Resíduos – 13 Visitas a Portugal”, promovida pela About Media Brasil. “Pelo que me apercebi, embora no Brasil estejam já bem preparados em termos de tecnologia e de estudos, nós estamos mais avançados no terreno”, conta Ana Rodrigues, responsável pelo departamento de Ambiente e Segurança da Batistas. “Também não podemos ser maus em tudo”, brinca.
“Penso que é de todo o interesse expandirmo-nos para um país como o Brasil”, admite a técnica, numa altura em que a empresa se confronta com os efeitos da crise económica nos mercados onde opera (europeu, e especialmente, ibérico). Desde há dois anos que tem vindo a diminuir a recepção de VFV no centro do Carregado, onde são desmantelados e descontaminados os restos das viaturas. “Desde que houve o cancelamento do incentivo [fiscal] ao abate que se nota uma redução de veículos nos centros. As pessoas não têm dinheiro para comprar carros novos, mas também não têm para mandar reparar os mais velhos”, comenta Ana Rodrigues, aludindo ao facto de também não se notar um aumento no escoamento de peças de usados.
Ainda assim, a empresa investiu em mais um centro de abate no Prior Velho (Loures). Mas o facto do novo Código da Estrada, recentemente aprovado pelo Governo, não exigir o certificado de destruição para o cancelamento de matrículas também não vem favorecer o sector. A associação ambientalista Quercus estima que, só em 2011, tenham sido abatidos ilegalmente cerca de 40 mil viaturas.
Além do processamento de sucata metálica ferrosa, a Batistas tem vindo a alargar a actividade à gestão de resíduos não metálicos, como plástico, pneus, madeira e papel/cartão. Mas outra vertente importante da empresa remonta à década de 1970, o desmantelamento de navios. Em Alhos Vedros, concelho da Moita, funciona a unidade de abate de embarcações, com o reaproveitamento para tratamento dos diferentes resíduos. Também aqui, reconhece Ana Rodrigues, a actividade já foi de vento em popa:“os barcos maiores têm ido para outros países”, com preços mais competitivos. Razão? "Porque não têm os custos da certificação ambiental e de licenciamento”.
Perante o cenário de crise na Europa, a responsável da Batistas aponta ao mercado brasileiro como uma oportunidade a levar em conta para estabelecer pontes para o futuro.