
Um sector com avanço para um mercado onde há muito por fazer
“Portugal está dez anos à frente do Brasil em termos de reciclagem”, garante Ronaldo Vasconcellos, presidente da Ponto Terra. O presidente desta organização não-governamental brasileira para o ambiente, que participou na visita a 13 recicladores portugueses, mostra-se particularmente impressionado com os centros de processamento de veículos em fim de vida (VFV).
A boa impressão de Ronaldo Vasconcellos para com o tratamento dado aos VFV deve-se à organização que encontrou nos centros visitados, mas também ao simples facto de não existirem estruturas do género no Brasil. As viaturas são objecto de uma inspecção de circulação e, caso não cumpram os regulamentos, deixam de poder circular. O impedimento vigora até serem reparadas. O problema é quando já não têm salvação, acabam abandonadas onde calha ou em depósitos de sucata.
O dirigente da Ponto Terra confia que a nova legislação do Plano Nacional de Resíduos Sólidos venha alterar o actual cenário e apontar caminhos para uma estratégia de gestão dos resíduos, com vista à sua reciclagem e valorização. O que só terá impactes positivos, quer em termos económicos, quer ambientais. A Ponto Terra é uma organização da sociedade civil de interesse público, com actuação no âmbito federal e do Estado de Minas Gerais, e desenvolve trabalho de sensibilização focado no desenvolvimento sustentável.
“O tratamento de resíduos é sempre um trabalho inacabado”, nota, por seu lado, Mauro Bernardes, da Recicla Tudo–Coleta Seletiva Lda, uma empresa privada que se dedica à gestão de resíduos, instalada em Cachoeirinha, no Estado do Rio Grande do Sul. O empresário confessa que as visitas às empresas de reciclagem portuguesas corresponderam às suas “expectativas” e destaca a boa organização e preparação das equipas com que contactou.
“No Brasil, como tem muito espaço, é mais barato mandar os resíduos para aterro”, explica Mauro Bernardes, acrescentando, porém, que a nova legislação levará necessariamente a mudanças. “São Paulo é quatro vezes mais o tamanho de Portugal, mas aí o problema também é muito maior”, sublinha o empresário ao AmbienteOnline, que gostaria de ter tido oportunidade de visitar unidades de reciclagem de resíduos hospitalares e uma incineradora. A sua empresa actua na área do papel, cartão, plásticos e metais.
As duas dezenas de empresários e responsáveis de entidades públicas e privadas de vários Estados brasileiros a empresas portuguesas inseriu-se na iniciativa “Usinas de Reciclagem de Resíduos – 13 Visitas Técnicas a Portugal”, promovida pela About Media Brasil.