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ambiente
Dessalinizar é a solução para combater a falta de água em Portugal
Os especialistas
portugueses têm deixado o alerta para a necessidade de Portugal
tirar proveito de cerca de 1853 km da
costa continental, fazendo o aproveitamento da água do mar
através da dessalinização. A autarquia de Porto
Santo, no arquipélago da Madeira, é a única que
utiliza o processo de osmose inversa há mais de 20 anos.
João Levy,
presidente da Associação das
Empresas Portuguesa para o Sector do Ambiente (AEPSA), sublinha que é
preciso pensar numa gestão integrada da água. Para além
de existir uma oposição na opção
de novas tecnologias para utilizar a água salgada, «o
problema passa também por uma clarificação da
lei, que considera a água um bem escasso e, portanto, sujeito
a tarifas, o que não pode acontecer no caso da água
salgada. A lei é omissa quanto a esse ponto», sublinha o
especialista.
O tema ganha cada
vez mais importância tendo em vista que vários
especialistas em todo o mundo apresentam cenários de escassez
de água já a partir da próxima década.
Segundo o relatório da Comissão Europeia sobre a
desertificação e a seca, dentro de 10 anos Portugal e o
resto do Sul da Europa arriscam-se a ter graves faltas de água.
Também o SIAM II (Alterações
climáticas em Portugal. Cenários, Impactos e Medidas de
Adaptação), considerado o maior estudo sobre alterações
climáticas feito em Portugal, revela que, até ao final
do século, o Algarve pode perder mais de 40 por cento de
chuva, variando entre 10 e 30 por cento no Norte e Centro do País.
Com
os recursos costeiros que Portugal tem ao seu dispor, «não
faz sentido admitir a escassez de água, já que, através
do tratamento de águas residuais e da dessalinização,
Portugal fica de fora dos cenários avançados pelos mais
recentes relatórios», salienta o presidente da AEPSA. No
entanto, este processo não tem sido uma aposta deste Governo.
O Ministério do Ambiente prefere apontar baterias para a
construção de barragens e para a poupança de
água.
Ilha
de Porto Santo visionária
Sendo
o turismo um dos sectores que, no futuro, mais podem ser afectados
pela escassez de recursos hídricos, as
unidades hoteleiras começam a interessar-se pela tecnologia e,
actualmente, há dois hotéis em Porto Santo que recorrem
à dessalinização. Em Portugal Continental, o
grupo Pestana, que vai instalar uma estação de osmose
em Alvor, ainda é caso único, apesar de estar em curso
um projecto de dessalinização para o empreendimento
Costa Terra no litoral alentejano.
Os empresários
queixam-se dos elevados custos da água e das outras taxas que
estão associadas, mas «em Portugal não há
falta de água, é preciso geri-la melhor», defende
o presidente da Associação dos Hotéis e
Empreendimentos Turísticos do Algarve, Elidérico
Viegas. Talvez a pensar nesta situação, o município
de Albufeira é um dos que está a estudar a aposta na
dessalinização.