Extracção de areias em decadência no Tejo
ambiente

Extracção de areias em decadência no Tejo

Já chegaram a ser 22 as empresas a fazer extracção de areias no rio Tejo, mas esta actividade centenária, que tem contribuído para o desassoreamento do rio e a manutenção dos canais de navegação evitando maior degradação das margens, está a atravessar graves problemas financeiros.
 
Há três anos foram retirados do rio dois milhões de m3 de inertes, um valor que, em 2007, desceu para metade. E a tendência é para piorar, vaticina Américo Nunes dos Santos, responsável pela área de extracção de inertes na Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT). «A actividade está em fase terminal, devido à falta de interesse económico por parte dos operadores», afirma.
 
Às difíceis condições de licenciamento e às taxas cobradas pela CCDR-LVT aos operadores alia-se a concorrência da extracção de areias no domínio terrestre. «O material que é agora utilizado na construção civil vem da exploração em terra, nomeadamente da Península de Setúbal, porque é mais barato e tem melhores condições laboratoriais», explica Nunes dos Santos, que não deixa de apontar as dificuldades causadas pelo agravamento do preço dos combustíveis. No domínio terrestre não existe a obrigatoriedade da actividade de extracção de inertes pagar uma taxa à CCDR-LVT.

Necessária revisão de taxas
 
Por esta razão, uma análise económica do Plano Específico da Gestão de Extracção de Inertes no domínio hídrico adverte para a necessidade de se rever a actual disparidade de tratamento da extracção de areias nos domínios hídrico e terrestre, no que respeita às taxas de licenciamento. Elaborado pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), o plano ainda se encontra no gabinete do ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações para análise.
 
Com o abandono da actividade, a navegabilidade no Tejo não fica a ganhar. Em tempos não muito longínquos, «o rio já chegou a estar navegável até Abrantes e agora só é possível ir até Muge», conta Nunes dos Santos. O que era visto como um recurso agora começa a surgir como um resíduo sem valor comercial.

«O que constituía para nós uma receita, vai passar a ser pago pelo nosso orçamento», avisa. Em vez de receber uma taxa de 1,25 euros por cada m3 de areia extraído, a CCDR-LVT passará a pagar 5 euros por m3 para conseguir o efeito de desassoreamento do rio. Anualmente, a entidade poderá ter de desembolsar mais de 5 milhões de euros, pressupondo uma extracção de 1 000 000 de m3 anuais de inertes.
Topo
Este site utiliza cookies da Google para disponibilizar os respetivos serviços e para analisar o tráfego. O seu endereço IP e agente do utilizador são partilhados com a Google, bem como o desempenho e a métrica de segurança, para assegurar a qualidade do serviço, gerar as estatísticas de utilização e detetar e resolver abusos de endereço.