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ambiente
Transgénicos podem entrar na cadeia alimentar sem aviso
Os portugueses
podem estar a consumir alimentos transgénicos sem saber. A maioria dos produtos
com organismos geneticamente modificados (OGM) em circulação encontra-se em
rações animais para gado, porcos e galinhas, em Portugal e na Europa, pelo que
«os consumidores que compram carne ou leite não são informados sobre o que
entrou para essa cadeia alimentar». A explicação é dada por Margarida Silva,
coordenadora da Plataforma Transgénicos Fora.
O regulamento
europeu da rotulagem obriga as empresas alimentares a declarar os óleos
vegetais contendo uma parte de soja ou milho geneticamente modificado – os
únicos tipos de produtos comercializados na Europa e em Portugal para
alimentação humana. No entanto, no caso das rações para animais, «a rotulagem
já não se aplica», esclarece a bióloga ao AmbienteOnline.
Pedro
Fevereiro, presidente do Centro de Informação de Biotecnologia, considera
«tecnicamente errada» a rotulagem existente. Nos produtos onde a quantidade de
OGM ultrapassa os 0,9 por cento, o rótulo tem de apresentar a frase «este
produto contém organismos geneticamente modificados», tal como previsto no
Decreto-Lei n.º. 72/2003. No entanto, na sua opinião, esta obrigação «não dá
qualquer informação sobre as qualidades do alimento em questão», tendo «como
única função assustar o consumidor».
Biológicos
livres de OGM
Se quiser
evitar os OGM indirectos, o consumidor «tem de perguntar ao seu supermercado ou
às próprias marcas quais os produtos 'limpos'», sublinha Margarida Silva. E
acrescenta: «A única forma de ter certezas sólidas é optando por produtos de
agricultura biológica, onde o limiar de tolerância aos OGM é de zero por
cento.»
No entanto,
«não existe nenhum dado fidedigno que indique que estes alimentos são mais
perigosos que os convencionais», contrapõe Pedro Fevereiro, sublinhando que
«não existe nenhum registo médico de alguma afecção (quer aguda, quer crónica)
provocada pelo seu consumo (quer em seres humanos, quer em animais)».
O investigador
afirma ainda que «os portugueses estão criteriosamente desinformados com
campanhas maliciosas» contra os transgénicos, lembrando, porém, que há muita
informação técnica e pessoas disponíveis para esclarecer sobre a forma de
produção dos alimentos com OGM. «Resta saber se os portugueses estão
interessados em ouvir essa informação», atira.
Cultivo de
milho transgénico aumentou
Em Portugal, a
área total de cultivo de milho transgénico aumentou 11 por cento em 2008, de 4263,3 ha para 4749,48 ha , segundo os dados
mais recentes publicados pelo Ministério da Agricultura. O maior crescimento
verifica-se na região Centro, que passou de 448,8 ha de área cultivada
em 2007 para 1291,91 ha
neste ano. As regiões do Alentejo e de Lisboa e Vale do Tejo apresentam as reduções
mais significativas, da ordem dos 11 por cento de hectares cultivados em cada
uma delas.
Recentemente,
o jornal britânico “The Independent” revelou que os vários líderes europeus
estão a preparar um plano para acelerar a introdução de culturas e alimentos
transgénicos, procurando também melhorar a opinião pública sobre os alimentos
com OGM.
Na opinião de
Margarida Silva, esta é «uma tentativa de desarmar a oposição dos europeus aos
transgénicos e conseguir acelerar o ritmo de aprovações das novas variedades
americanas. A coordenadora da Plataforma Transgénicos Fora não reconhece
«qualquer legitimidade» a esta medida.