Fantasma do Mercado Organizado de Resíduos paira sobre o Ambiportal
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Fantasma do Mercado Organizado de Resíduos paira sobre o Ambiportal

Já passaram oito meses desde o lançamento oficial do Ambiportal, no entanto, a história deste portal, onde é possível transaccionar resíduos, é bem mais antiga. Devido aos problemas de poluição do rio Cavado, foi criada há cerca de 5 anos a Associação de Defesa do Cávado (ASDECA), que «visava limpar o rio e sensibilizar os poluidores para que este estivesse em boas condições», conta Jorge Saraiva, director do Departamento de Desenvolvimento e Investigação Tecnológica da Clever Solutions.
 
Na altura, continua o responsável, «apercebemo-nos que as descargas eram mais por ignorância do que por vontade própria». Por essa razão, a Asdeca prestava alguns serviços sem cobrar para evitar a poluição. O próprio presidente da associação – Pedro Viana – viria a montar uma empresa para consultoria. Assim nascia, em 2008, a consultora Clever Solutions, que detém a marca registada do Ambiportal. «Mas já antes havia a ideia de criar uma plataforma que ajudasse os operadores de uma maneira simples», acrescenta Jorge Saraiva.
 
Essa plataforma seria o Ambiportal, o qual foi lançado oficialmente no dia 25 de Setembro de 2008. Até ao momento foram transaccionadas 5000 toneladas. A grande maioria foi papel e derivados, seguida de plásticos e de combustíveis derivados de resíduos. Mas há ainda uma grande margem para crescer.
 
O portal engloba todos os resíduos da Lista Europeia de Resíduos, e tem registados os 720 operadores certificados pela Agência Portuguesa do Ambiente. «Antes de o Ambiportal ser criado chegámos a pensar em representar tecnologia. Não o fizemos porque o formato leilão não resulta em prol do ambiente, porque implica muito tempo, sendo necessário nomeadamente esperar pela licitação do leilão. O contentor com resíduos vai estar parado um ou dois meses para ser vendido», justifica. No Ambiportal o processo é imediato, não há leilões. «Há ofertas pré-feitas e obtém-se logo a melhor proposta. Os operadores registam-se e dizem quais os preços que estão disponíveis a pagar para comprar. O produtor também sabe logo qual a melhor proposta», continua.
 
Apesar do crescimento que tem registado, e de já ter sido realizado um investimento superior a 170 mil euros (só na plataforma), o futuro da plataforma é uma incógnita. «A Clever investiu porque viu uma oportunidade de negócio inédita em Portugal, montando o Ambiportal. De repente, o Estado quer dar um passo mais à frente e fazer o Mercado Organizado de Resíduos (MOR)», o responsável da Clever, uma das empresas que respondeu à demonstração de interesse lançada pela APA para a gestão do MOR.
 
Desta forma, «o fantasma do MOR paira sobre o Ambiportal e não é agradável», frisa. Até porque a empresa está na dúvida se deve ou não investir para aumentar as transacções do portal. O retorno é lento, já que o modelo de negócio do Ambiportal é uma percentagem sobre a transacção realizada, logo ganhamos pouco.«Não sabemos se devemos ou não investir porque depois pode sair uma legislação contra nós», aponta. Por explicar está se a criação do MOR implicará o fim do Ambiportal.
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