António Jorge Monteiro (APESB): “Reforma da água peca por tardia”
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António Jorge Monteiro (APESB): “Reforma da água peca por tardia”

O presidente do Conselho Directivo Nacional da Associação Portuguesa de Engenharia Sanitária e Ambiental (APESB), António Jorge Monteiro, considera que o plano de reestruturação do sector da água, apresentado ontem pelo ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, peca por tardio. “Há muito tempo que achamos que este tipo de medidas deviam ter sido tomadas”, disse em declarações ao portal Ambiente Online.

O professor do Instituto Superior Técnico alerta no entanto para o facto da reforma só abranger as fusões nos sistemas em alta. De qualquer forma, sublinha, enquanto este exemplo não fosse dado pelo próprio grupo Águas de Portugal era difícil que outras fusões se dessem no domínio das baixas. “Acho que é útil e pode trazer vantagens, economias de escala significativas e sinergias ao grupo Águas de Portugal”, analisa.

António Jorge Monteira reconhece que há um conjunto de iniciativas que no domínio da baixa também deviam ser adoptadas, o que se torna difícil quando há alguma desconfiança por desconhecimento das infra-estruturas por parte dos municípios.  

“Existem muitos municípios e muitas entidades que não sabem que activos têm. Assim é difícil o diálogo com os parceiros do lado. Muitas vezes mesmo que se queira fazer uma perequação destas, de alguma solidariedade, um município que seja mais rentável tem alguma dificuldade em juntar-se a outros sem saber em que nível de problema se vai meter".

O responsável defende por isso o investimento no conhecimento do estado das infra-estruturas, o que não é muito oneroso. “É importante que esse conhecimento não fique só no município e possa ser partilhado com outros. Isso poderia ser muito útil para criar um mercado em que outras fusões fossem possíveis no domínio da baixa”, ilustra.

Os sistemas em alta são relativamente recente mas os municípios têm sistemas com muitos anos. “Foram criados com a preocupação de atender população e não de gerir o que tinham e portanto neste momento alguns estão à beira do colapso. Os investimentos têm que servir para aumentar a eficiência e sustentabilidade dos sistemas”, realça.

O professor do Instituto Superior Técnico vê o novo mapa da agregação com bons olhos. “A EPAL passa a ter um universo muito grande. É um incentivo e motivação para os quadros técnicos que têm na própria EPAL irem ajudar a resolver problemas nos outros sítios onde as dificuldades são acrescidas”.

António Jorge Monteiro espera que o processo “não seja obstaculizado, do ponto de vista municipal” até porque as autarquia detêm 49 por cento destas empresas.

O responsável considera que esta é uma solução “inteligente e solidária” na medida em que o contributo que a zona do litoral está a dar à zona do interior é para proteger as suas próprias origens. “Quando nos abastecemos de água temos origens que estão no interior e que merecem ser protegidas e precisam por isso de investimentos muito fortes em saneamento”.

A dimensão do sistema que integra a EPAL, na zona de Lisboa e Vale do Tejo, suscita-lhe também algumas preocupações. “Quando estamos a falar de uma estrutura como aquela estamos a falar de centros operacionais regionais. O piquete das rupturas não pode estar todo em Lisboa. Mas haverá um desenho de gestão adequado. É preciso algum cuidado. Quando há uma busca excessiva para reduzir custos corta-se músculo e não gordura”, alerta. 

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