Carro é usado por mais de metade da população sobretudo para ir para o trabalho e levar filhos à escola (COM VÍDEO)
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Carro é usado por mais de metade da população sobretudo para ir para o trabalho e levar filhos à escola (COM VÍDEO)

O carro é usado por mais de metade da população das cidades portuguesas de média dimensão sobretudo nas deslocações casa-trabalho e trabalho-casa e no transporte de familiares, para deixar os filhos na escola, por exemplo.


Estas são algumas das conclusões do projecto de investigação sobre padrões de mobilidade InLUT (Integration of Land Use and Transport in Medium-Sized Cities), que se debruçou sobre quatro cidades portuguesas médias - Vila Real, Castelo Branco, Santarém e Faro. Os resultados foram apresentados esta sexta-feira, 5 de Junho, na Biblioteca Nacional, em Lisboa, num seminário internacional.

"O facto de haver crianças no agregado familiar condiciona fortemente a deslocação da população. Para ir levar a criança à escola ou a um treino, por exemplo, fazem estas deslocações de carro pela comodidade e conforto associado", explica Mauro Pereira, um dos elementos da equipa de investigação do projecto, formado em arquitectura e especializado em gestão urbanística.

Mauro Pereira lembra que a utilização do carro ainda é "símbolo de status" apesar de alguns inquiridos recusarem admitir isso claramente durante os inquéritos, já que se tratam de "perguntas feitas cara a cara". No caso da bicicleta, meio suave de deslocação, a sua utilização ainda é vista no sentido contrário, realça. Uma minoria, menos de 50 por cento nas quatros cidades, ainda admite que “ir para o trabalho de bicicleta é esquisito”.

O estudo, que se iniciou há três anos, teve por base inquéritos realizados a mais de quatro mil pessoas das quatro cidades. Em cada cidade foram inquiridas 1500 pessoas que representam uma amostra heterogénea, desde estudantes do ensino superior, a reformados passando pela população na vida activa.

"Fizemos perguntas à quarta, à quinta e à sexta-feira e o motivo da escolha destes dias justifica-se pelo facto destas cidades terem padrões de mobilidade muito distintos à sexta e à segunda. Todas estas cidades têm uma instituição de ensino superior e os estudantes estão fora da área da residência e vão a casa ao fim de semana", revela o investigador.

Já no que diz respeito aos modos de deslocação activos, o que levou a população a andar a pé ou de bicicleta nestas cidades foram sobretudo as compras e lazer e o desporto. Há também quem caminhe ao descolar-se para tomar uma refeição fora, sobretudo na cidade de Faro.  

Como o Jornal Arquitecturas já tinha avançado, das quatro cidades estudadas, Santarém é a que regista maior nível de utilização do carro nas deslocações. Sessenta e dois por cento das deslocações são feitas de carro, esteja o cidadão na condição de condutor ou passageiro.

Em Vila Real o número de deslocações de carro atinge os 58,1 por cento. Castelo Branco chega os 54 por cento e Faro regista 50 por cento de viagens em automóvel.

Por contraponto, no que respeita a andar a pé, a campeã é Faro, com 37,1 por cento das deslocações a serem feitas desta forma. Segue-se Vila Real com 36,9 por cento, Castelo Branco com 35 por cento. Das quatro cidades estudadas, Santarém é aquela que regista menos deslocações a pé com 25,5 por cento.

As restantes formas de mobilidade são residuais nas quatro cidades médias em que incidiu o estudo. A minoria que escolhe usar os transportes públicos prefere o autocarro, que é mais usado em Castelo Branco (6,6 por cento), Santarém (6,1 por cento) e Faro (5,3 por cento) do que em Vila Real (2,6 por cento).

O comboio não é opção em Vila  Real (0 por cento), Faro (0,3 por cento) ou Castelo Branco (0,3) sendo apenas utilizado com alguma frequência em Santarém (2,4 por cento).

Realce ainda para o valor de 2, 3 por cento no uso de bicicleta e motociclos em Faro e de 1,3 por cento em Santarém quando nas restantes duas cidades esse valor não chega a um ponto percentual.

O estudo, que contou com o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia e União Europeia, foi desenvolvido por investigadores da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD), Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa (FA-UL) e Universidade do Algarve (UAlg), que estudaram as interacções entre os usos do solo e transportes e a forma como estas se repercutem nos movimentos e padrões de mobilidade.

O projecto tem várias inovações, desde logo em termos conceptuais, já que “os estudos desenvolvidos ao nível internacional focam-se sobretudo em grandes áreas urbanas”, mas também porque em Portugal são poucos os estudos existentes ao nível destas matérias”, destaca o grupo de investigadores ao Jornal Arquitecturas. Por outro lado, as metodologias desenvolvidas são inovadoras a nível nacional e internacional e a comparação entre outras realidades internacionais já é possível.

  

Ana Santiago

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