Coopérnico deixa de ter tarifas de eletricidade fixas
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Coopérnico deixa de ter tarifas de eletricidade fixas

A Coopérnico deixou de ter tarifas fixas de eletricidade e mantém apenas um tarifário indexado aos preços no mercado grossista. Isto significa que os clientes da cooperativa promotora e comercializadora de energias renováveis vão deixar de poder contar com preços fixos contratualizados e vão ter preços que refletem todos os meses as variações existentes na produção de energia.


O objetivo desta mudança passa por travar as perdas acumuladas com o disparar dos preços da energia.


Em carta enviada aos clientes em 30 de setembro, acedida pela Lusa, a cooperativa de energia renovável propôs aos seus clientes mudar para um tarifário indexado ao preço da eletricidade no mercado liberalizado nacional ou para o Comercializador de Último Recurso (CUR), que apenas fornece energia em situações excecionais, mediante a aplicação de tarifas definidas pela ERSE, nomeadamente a consumidores economicamente vulneráveis ou que não tenham outro fornecedor, caso o comercializador tenha ficado impedido de exercer atividade ou a clientes localizados onde não exista oferta em regime de mercado.


A cooperativa começa por explicar que a “drástica escalada do preço mundial do gás natural, e consequentemente da eletricidade, imprevista e sem antecedentes, deixou a Coopérnico (e quase todos os outros comercializadores) no dilema: como sobreviver numa situação em que a nossa matéria-prima, a eletricidade, quadruplicou de preço?”.


“Se há pouco mais de um ano estávamos a cumprir o sonho de sermos comercializadores independentes, hoje vivemos o pesadelo de ver esse sonho ameaçado: todos os meses desde o início do verão temos vindo a suportar perdas muito significativas com a atividade da comercialização e afigura-se necessária a adoção de medidas drásticas com efeito imediato para assegurar a continuidade da nossa operação e da nossa cooperativa”, prossegue o presidente da direção, Nuno Brito Jorge, na carta aos clientes e cooperantes.


Para evitar o fim da atividade de comercialização e o contágio de outras áreas negócio (nomeadamente a produção), referia a cooperativa nessa carta, dava aos clientes quatro dias – até 4 de outubro – para mudar para um novo tarifário indexado ao preço da energia no mercado.


Se o cliente não pedisse transferência para o CUR, lê-se na carta, “a alteração para o preço indexado será automática no dia 4 de outubro de 2021 e com efeitos à data do início do próximo período de faturação”.


Segundo a simulação apresentada, um cliente doméstico com consumo de 290 kWh/mês (Quilowatt-hora por mês), com uma potência contratada de 6,9kVA (quilovoltampere), com o novo tarifário passaria a pagar – com preços de setembro – cerca de 104 euros mensais, enquanto no CUR a fatura ficaria pelos 56 euros.


No seu site, a Coopérnico explica que “o tarifário indexado de eletricidade tem uma componente variável que se baseia nos preços de energia no mercado grossista OMIE. Isto significa que, à medida que os custos de energia flutuam, o mesmo acontece com as” suas “faturas mensais de eletricidade”.


Na missiva, Nuno Brito Jorge explica ainda que “a Coopérnico e os restantes comercializadores debatem-se agora com um concorrente inesperado – o próprio Estado – o mesmo que durante muitos anos impulsionou fortemente as famílias portuguesas a abandonar o CUR [mercado regulado] e agora oferece preços mais competitivos”.

 

O responsável explicou à Lusa que a comunicação aos clientes “foi enviada com a máxima transparência possível, com o objetivo de manter os cooperantes informados e atualizados”: “Na apresentação das duas alternativas relativamente à comercialização, incluímos um exemplo comparativo entre as situações antes e depois de

uma eventual mudança para tarifário indexado e recomendámos até a mudança para o CUR como opção mais barata”, disse.


Segundo Nuno Brito Jorge, desde 01 de outubro, a Coopérnico perdeu 464 contratos num universo de quase 2.000.

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