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Fração-resto: "Só no Excel é que teremos o problema resolvido"

 

'O destino da fração-resto' foi o tema da Conversa Online sobre Resíduos. A sessão contou com a presença de João Pedro Rodrigues, CEO da GIBB Engineering, e Fernando Leite, Administrador-Delegado da LIPOR, ficando a moderação do debate a cargo de José Manuel Palma, Consultor e Professor de Psicologia Ambiental na Universidade de Lisboa.

“A fração-resto é uma área do setor dos resíduos que nos preocupa”, começou por referir Fernando Leite. “Nos últimos anos têm vindo a crescer as exigências, e com o conceito da economia circular tem-se dado mais enfoque àquilo que é a qualidade do produto que temos de colocar no mercado”, sublinhou. “Para colocar um produto de qualidade no mercado, quer seja um reciclável ou um composto”, continuou o responsável da LIPOR, “há que, por um lado, ter da parte do cidadão uma consciência muito grande sobre o modo como separa os resíduos e como os deposita, e, por outro lado, depois como as autarquias o recolhem, algo que foi negligenciado durante muito tempo”.

Fernando Leite alertou que “temos de caminhar para o aterro zero”, em virtude de se estar a atingir o limite da capacidade dos aterros em Portugal. Referiu “algo de que não estamos muito conscientes”, e que é “a contaminação do material, pois temos de ter a noção que a parte orgânica do nosso resíduo é extraordinariamente contaminante”. Nos biorresíduos produzidos em Portugal “há muita gordura, muita água, muita sobra, que empapa todo o material, e continuamos com uma grande quantidade de desperdício alimentar nos indiferenciados”, explicou.

Para Fernando Leite, a alternativa aos aterros é “uma melhor separação dos resíduos à nascença, pois só assim a parte final – a que chamamos fração-resto – pode diminuir”.

José Manuel Palma, como “defensor da valorização energética dos resíduos” reconhece que “há uma fração-resto apreciável do que vai para a reciclagem, e que é separada mas depois não é aproveitada”. O especialista sublinhou que “essa é uma parte com grande capacidade para a valorização energética e que na realidade é rejeitada porque não pode ser utilizado do ponto de vista da reciclagem normal”.

João Pedro Rodrigues recorreu a estatísticas para identificar o estado da produção e da gestão dos resíduos. Lembrou que “em 2020 tivemos cerca de 3,5 milhões de toneladas da fração-resto depositadas em aterro”, e que o PERSU 2030 “aponta para uma redução muito expressiva dessa quantidade”. Sublinhando que “só no Excel é que teremos o problema resolvido”, o responsável referiu que “uma grande redução só será conseguida através de um aumento significativo das quantidades de resíduos enviados para reutilização e reciclagem”.

O CEO da GIBB Engineering realçou que “o grande combate para resolução do problema da fração-resto passa por estruturar a baixa de forma correta, fazendo com que o resíduo vá parar ao sítio certo”. João Pedro Rodrigues mencionou ainda o papel da responsabilidade alargada do produtor “seja nos novos fluxos de embalagens a criar, seja na integração do domínio do SIGRE (Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens) de embalagens que estão fora desse domínio”. Concluiu que “todas estas matérias têm de ser ponderadas”, mas que a baixa “é a chave do problema”.

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