Resitejo declara ter recuperado 14 mil toneladas de plástico do lixo quando potencial é 5 vezes menor (EXCLUSIVO)
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Resitejo declara ter recuperado 14 mil toneladas de plástico do lixo quando potencial é 5 vezes menor (EXCLUSIVO)

A Resitejo, sistema de gestão de resíduos sólidos urbanos de 10 municípios do médio Tejo, declarou ter recuperado em 2015 mais de 14 mil toneladas de plástico dos resíduos indiferenciados, por via do TM (Tratamento Mecânico), ou seja, cinco vezes mais do que o potencial estimado para o sistema que é de apenas três mil toneladas.

Segundo algumas fontes contactadas pelo Ambiente Online estes quantitativos são difíceis de justificar dado o volume de resíduos processados no sistema e a média de quantidades de plástico que daí pode ser retirada.

Para um sistema com 85 mil toneladas de resíduos, como é o caso, segundo o que prevê o PERSU (Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos), poderia ser recuperado cerca de 10 por cento de plástico, o que daria, no máximo, cerca de oito mil toneladas, englobando já a recolha selectiva (não incluídas nestas 14 mil toneladas declaradas). O Ambiente Online já questionou a Resitejo sobre o assunto, mas até ao momento não recebeu qualquer esclarecimento.

Com os valores que submeteu, relativos ao plástico, este sistema passa à frente de todos os SMAUT (Sistemas Municipais e Autarquias Aderentes) com TM ou TMB (Tratamento Mecânico Biológico), como a ERSUC, que retirou do TMB oito mil toneladas de plástico, a Resíduos do Nordeste, que recuperou três mil toneladas ou a Valnor com quatro mil toneladas retiradas dos indiferenciados, segundo dados a que o Ambiente Online teve acesso.

Por assegurar ter recepcionado este volume de plástico a Resitejo recebeu a título de contrapartida da Sociedade Ponto Verde (SPV) aproximadamente três milhões e meio de euros, o correspondente aos valores de informação e motivação pagos à tonelada e de acordo com cada tipo de material, segundo as contas feitas pelo Ambiente Online. 

O filme plástico e o PEAD (Polietileno de Alta Densidade), por exemplo, são pagos a 275 euros por tonelada, os plásticos mistos a 220 euros por tonelada e o PET (garrafas de água) a 180 euros por tonelada, segundo está estabelecido no Despacho n.º 8376-C/2015. O vidro vale cinco euros por tonelada, o aço 15 e o papel entre um e cinco euros.


DESTINO DESCONHECIDO

Actualmente não existe forma de verificar se de facto o sistema envia o material recuperado dos TM ou TMB para reciclagem, confirmou o Ambiente Online junto de várias fontes. Mesmo que os recicladores que recebem o material estejam licenciados não é possível ter certezas sobre o destino destes materiais se não forem feitas auditorias e balanços de massas.

Já na recolha selectiva o procedimento é diferente. Nesse caso a Sociedade Ponto Verde consegue certificar-se de que os materiais seguem para reciclagem e faz a auditoria aos seus retomadores credenciados.

Os dados em causa dizem apenas respeito à recolha indiferenciada e aos materiais de lá respigados mecanicamente.

Como é desconhecido o destino final do material este poderá seguir tanto para reciclagem, como pode ser usado como CDR (Combustível Derivado de Resíduos) ou até depositado em aterro.

A Resitejo inclui os municípios de Alcanena, Chamusca, Constância, Entroncamento, Ferreira do Zêzere, Golegã, Santarém, Tomar, Torres Novas e Vila Nova da Barquinha.

Para esclarecimentos adicionais o Ambiente Online contactou também o Ministério do Ambiente, mas ainda não recebeu resposta.

A Sociedade Ponto Verde respondeu ao Ambiente Online mostrando-se preocupada com o destino dos resíduos de embalagens provenientes dos TM e TMB e dizendo que, no caso da Resitejo, de acordo com a informação disponível, as quantidades dizem respeito a “resíduos provenientes de três SGRU (Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos), uma vez que a Resitejo processa na sua instalação resíduos urbanos indiferenciados provenientes de outros sistemas”. 

Ana Santiago

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