
Presidente de Pedrogão Grande “mais esclarecido” sobre projeto de central solar flutuante
O presidente da Câmara de Pedrógão Grande afirmou estar "mais esclarecido" sobre o projeto da central solar flutuante perto da barragem do Cabril, mas admitiu ser difícil defendê-lo junto da população se não houver benefício para o concelho.
António Lopes esteve reunido na quinta-feira em Pedrógão Grande (no distrito de Leiria) com o presidente da Câmara de Pampilhosa da Serra (Coimbra), o vice-presidente da autarquia da Sertã (Castelo Branco) e o vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), entre outros, sobre a central solar flutuante, cujo promotor é a Voltalia.
"Estou mais esclarecido, mas se for um processo que não tenha contrapartidas para o concelho, vai ser difícil sustentá-lo junto da população e ter o nosso apoio", disse à Lusa António Lopes, assinalando a "abertura e disponibilidade" de o município ser ouvido.
Pedrógão Grande, Sertã e Pampilhosa da Serra são delimitados pela albufeira do Cabril.
Também o vice-presidente da Câmara da Sertã, Rui Antunes, salientou à Lusa que a reunião foi "muito importante", porque esclarecedora.
"Houve a preocupação da APA – Agência Portuguesa do Ambiente nos esclarecer de que os recursos económicos e turísticos, a questão do abastecimento das aeronaves para o combate a incêndios ou o impacto visual estão salvaguardados no caderno de encargos definido para o projeto", declarou Rui Antunes.
Garantindo que "os três concelhos estão empenhados em obter a informação mais fiel e mais completa do projeto para poder descansar os munícipes e os agentes económicos que, de uma ou outra forma dependem da barragem", o vereador adiantou que foi garantido que "as decisões em relação ao projeto teriam de ser sempre participadas pelos municípios envolvidos".
Por seu turno, o presidente da Câmara de Pampilhosa da Serra, Jorge Custódio, considerou "inqualificável" o município não ter sido informado do projeto.
"Como é possível fazer-se um projeto desta envergadura, com impacto na comunidade, e sabermos deste projeto pela comunicação social?", questionou, considerando que a tutela devia ter avisado as autarquias antes do lançamento do leilão.
Segundo Jorge Custódio, "parece que o Interior é um peso, um problema, mas é o Interior que tem os recursos naturais que continuam a alimentar o país, nomeadamente ao nível das energias renováveis".
"Por parte do vice-presidente da APA houve um compromisso de, realmente, tenta emendar a mão e tentar envolver as câmaras, mas acho que já vem tarde", considerou ainda o autarca.
Numa resposta escrita enviada recentemente à Lusa, a Voltalia fez saber que "projetos em desenvolvimento desta natureza requerem sempre alinhamento entre os municípios, a APA e o promotor".
"Como a central está no Cabril, o projeto poderá abranger Castelo Branco e/ou Coimbra e/ou Leiria. No entanto, nenhuma localização final foi decidida ou aprovada até ao momento", referiu a empresa, justificando a fase "muito preliminar" do projeto.
Segundo a empresa, "este projeto vai demorar quatro anos até estar instalado, sendo que só se prevê a definição exata da localização da central, em princípio, no final de 2023", esclarecendo que o valor do investimento "dependerá dos custos à data de instalação", sendo que aos preços atuais está "entre 30 e 40 milhões de euros".
À pergunta sobre eventuais contrapartidas para os municípios, a Voltalia notou que atua sempre com ação local positiva, mesmo que não seja obrigatório. "O investimento é tecnológico, mas também humano. Mas o solar flutuante tem uma necessidade de manutenção bastante superior ao solar fixo. Assim, espera-se a contratação local. O número exato será discutido com o ou os municípios envolvidos", acrescentou.
Recorde-se que a central solar flutuante será instalada perto da barragem do Cabril" e terá uma capacidade instalada entre 33 MW [megawatt] e 40 MW, “dependendo da otimização final do projeto".
"Com 33 hectares, a central vai fornecer energia verde para um volume equivalente ao consumo de 70.300 habitantes", esclareceu a empresa, explicando que "garantirá o desenvolvimento, construção e operação da central". A expectativa é a de que "o projeto seja comissionado até 2026".
Quanto às receitas, "serão suportadas por um contrato de 15 anos atribuído pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática, prevendo um preço de 41.025 euros por megawatt-hora".