Amianto sem controlo
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Amianto sem controlo

A quantidade de amianto existente nas construções, de Norte a Sul do País, é desconhecida. Só em placas de fibrocimento estima-se que exista o correspondente a 600 mil hectares. Mas o fibrocimento representa apenas um dos 3000 materiais que incluem na sua composição o amianto, ou asbestos. E se o fibrocimento é identificável a olho nu, o que facilita a sua quantificação, o mesmo não se passa com os restantes 2999 materiais que podem conter o também chamado «linho da momtanha», uma fibra mineral considerada um agente cancerígeno de classe 1, a mesma classificação dada ao urânio.

«O problema não é só o fibrocimento», alerta Rui Silva, consultor da Amiacon e director-geral da empresa de remoção de amianto Interamianto. «Há escolas onde também existem isolamentos com amianto friável, que são perigosos porque estão em mau estado» afirma, explicando que não se sabe onde o amianto está, nem como foi aplicado, nem porquê.

Apesar da intenção manifestada, em 2003, através de uma Resolução da Assembleia da República, de se proceder à inventariação de todos os edifícios públicos que contenham na sua construção amianto, no máximo de um ano a contar daquela data, os governos ficaram só pela intenção. No entanto, para Ricardo Macedo, responsável pelo Laboratório de Controlo de Fibras da Sagies, «só uma grande ignorância se atreveria a dar apenas um ano para fazer essa inventariação».

Segundo o responsável, «foi feito alguma coisa em escolas no ensino básico, mas só com vários laboratórios a trabalhar se poderia dar um empurrão neste tipo de trabalho». Cerca de 59 por cento das escolas analisadas pelas Direcções Regionais de Educação (DRE) têm coberturas de chapas de fibrocimento com amianto na sua composição, diz Heloísa Apolónia, deputada de Os Verdes. Segundo uma resposta do Governo a um requerimento feito pelo partido, as DRE têm promovido a realização de análises ao ar respirável. Mas Rui Silva diz que o mais importante seria fazer-se também uma medição durante a remoção e depois, quando há mais probabilidade de haver libertação das fibras.

Porém, Ricardo Macedo admite que «haverá outras prioridades no campo da saúde ocupacional em Portugal, porque nas escolas e outros edifícios públicos com coberturas de fibrocimento, que tem na sua composição 10 a 30 por cento de amianto, registam concentrações de 0,1 fibra por centímetro cúbico, ou seja, menos do que o valor-limite de exposição. Já no que respeita a trabalhos de demolição, a situação é diferente porque o amianto se liberta com muito mais facilidade, diz.
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