Aproveitamento geotérmico no continente resume-se a termas e aquecimento
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Aproveitamento geotérmico no continente resume-se a termas e aquecimento

Portugal surgia, em 2007, na 17ª posição no leque de países que dispõem de capacidade geotérmica, com 28 MWe em funcionamento, de acordo com a publicação Perspectivas em Tecnologias Energéticas, da Agência Internacional de Energia».
 
Apesar de os recursos geotérmicos do território português serem apreciáveis, havendo 52 recursos geotérmicos identificados, o aproveitamento da geotermia para fins energéticos é apenas realizado nos Açores, onde se encontram os recursos de alta entalpia (entre 100º e 150º).
 
Em Portugal Continental, a água de origem subterrânea cuja temperatura de emergência excede os 20ºC está largamente espalhada pelo território. Porém, a distribuição do recurso geotérmico pelo País é desigual, observando-se uma predominância a Norte, justificada pelas características geológicas e estruturais, e no Centro Maciço Hespérico, designadamente na Zona Centro-Ibérica, estando a sua distribuição intimamente relacionada com grandes acidentes tectónicos, como é o caso do acidente Penacova-Régua-Verin. O seu aproveitamento manifesta-se, sobretudo, ao nível da utilização da chamada «baixa entalpia» em pólos termais (cerca de meia centena), com temperaturas entre os 20ºC e os 76ºC.
 
Em Portugal, foi em 1982 que arrancou, em Chaves, o primeiro projecto de uso de calor para fins que não a balneoterapia; o furo AC2 das Termas de Chaves, com 155 metros de profundidade e temperaturas que rondam os 75ºC, passou a ser utilizado para aquecer a água da piscina municipal, através de um permutador de calor.
 
Por sua vez, o desenvolvimento geotérmico na área das nascentes termais de S. Pedro do Sul tem vindo a decorrer de forma regular desde há uma década. Existem projectos para o estudo dos recursos geotérmicos da região, orientados para a pesquisa, desenvolvimento e análise da viabilidade económica de aquecimento directo.
 
Ainda a título de exemplo, em Lisboa encontra-se em actividade o aproveitamento geotérmico no hospital da Força Aérea, efectuado a partir de um furo com cerca de 1 500 metros de profundidade, que capta água a cerca de 50ºC a partir do aquífero do Aptiano-AIbiano (Cretácico inferior) na bacia de Lisboa.
 
Geotermia representa 21 por cento da energia nos Açores
 
De acordo com Carlos Bicudo, administrador da Sociedade Geotérmica dos Açores (Sogeo), os Açores destacam-se a nível nacional na área da geotermia, dado que estão identificados recursos de alta entalpia em São Miguel e Terceira. Na ilha de S. Miguel, por exemplo, estão instalados dois aproveitamentos no Campo Geotérmico da Ribeira Grande: a Central Geotérmica da Ribeira Grande, com uma potência de 13MW (de 1994), e a Central Geotérmica do Pico Vermelho, com uma capacidade produtiva de 10MW (de 2006), cuja produção combinada contribuiu, em 2008, com cerca de 40 por cento na estrutura de produção daquela ilha.
 
As centrais em exploração são pertença da Sogeo, empresa detida maioritariamente pela Electricidade dos Açores (EDA), cuja actividade está centrada no aproveitamento dos recursos geotérmicos tendo em vista a produção da eléctrica na ilha de S. Miguel. No sentido de maximizar o aproveitamento do potencial geotérmico da Ribeira Grande, a Sogeo prevê desenvolver em 2009 uma campanha de execução de sete sondagens profundas, tendo em vista a saturação da Central da Ribeira Grande e a expansão da Central do Pico Vermelho.
 
Já na Ilha Terceira, a Geoterceira, empresa detida pela EDA e pela EDP, desenvolve o Projecto Geotérmico da Terceira, que compreende a execução dos poços de produção e de reinjecção e a construção de uma central geotérmica de 12 MW. Com a entrada em exploração desta central, prevista para o final de 2011, estima-se que esta fonte de energia contribuirá, no ano seguinte, em  38 por cento na estrutura de produção da ilha.
 
Segundo Carlos Bicudo, «para além dos benefícios de índole ambiental e de uma poupança anual de cerca de 40 mil toneladas de combustível derivado do petróleo, a produção geotérmica ao nível do arquipélago contribui com 21 por cento na estrutura de produção, o que somado à produção hídrica e eólica, proporciona uma autonomia energética de cerca 27 por cento, factos que demonstram a importância que o aproveitamento da energia geotérmica tem na economia dos Açores».
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