Telecontagem ainda escasseia na Europa
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Telecontagem ainda escasseia na Europa

Ainda são poucos os países da União Europeia que têm políticas de contagem inteligente de electricidade em marcha, apesar de estarem sob consideração políticas públicas em muitos desses países. A Itália e a Suécia foram os pioneiros, com outros Estados-membros a segui-los. Quatro países já decidiram a introdução obrigatória da telecontagem. É o caso de Itália, Suécia, Espanha e Portugal, de acordo com um estudo sobre os desenvolvimentos regulatórios e tecnológicos dos contadores inteligentes na União Europeia (UE), publicado o ano passado e da autoria de Jorge Vasconcelos, ex-presidente da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE),
 
Em 2003, a Suécia tornou-se no primeiro país da UE a tornar obrigatória a telecontagem, legislando novos regulamentos nacionais de medição que exigiam que todos os clientes residenciais tivessem leituras mensais até Julho de 2009.
 
Em Itália, a autoridade reguladora determinou, em 2006, a total introdução de contadores inteligentes. A substituição deverá estar completa em 2011. Cerca de 86 por cento dos consumidores de baixa tensão já têm telecontagem.
 
Em Março de 2007, os governos de Espanha e Portugal decidiram pela introdução de contadores inteligentes harmonizados para todos os consumidores, como forma de melhorar o funcionamento do Mercado Ibérico de Electricidade. Espanha já adoptou legislação que determina a completa substituição dos contadores até Dezembro de 2018. Portugal ainda não adoptou legislação, mas a ERSE propôs que a substituição ficasse concluída em Dezembro de 2015. Uma vez que o Governo optou por não avançar com a proposta do regulador, ao nível do sector doméstico há apenas a registar um projecto da EDP com 140 clientes residenciais, em Lisboa e no Porto, e o projecto das cooperativas eléctricas de Vilarinho e de Roriz, ambas no concelho de Santo Tirso, que adoptaram contadores externos inteligentes para os seus 3600 consumidores.
 
Outros países estudam telecontagem
 
Vários países da UE estão, ou já terminaram, a fase de consulta pública. Na Áustria e Irlanda, onde as autoridades reguladoras são a favor da introdução de contadores inteligentes para todos os clientes, os reguladores completaram consultas públicas em 2007, e cada um está agora envolvido em projectos de “follow-up”.
 
Vários países têm igualmente a decorrer projectos-piloto, como a Áustria, República Checa, Dinamarca, Finlândia, Grécia e Reino Unido. Até ao final deste ano, o Chipre terá 10 mil clientes com telecontagem, a Irlanda começa com 25 mil clientes este ano e França espera ter 300 mil clientes com telecontagem em 2010.
 
Ainda assim, apenas 2,9 por cento da procura de electricidade na UE tem este tipo de gestão, contra 5 por cento nos EUA. Mas Pedro Sampaio Nunes, promotor do Sistema Universal Independente de Telecontagem (SUIT), lembra que a Comissão Europeia lançou um projecto de investigação para desenvolver os protocolos de interoperabilidade abertos para os respectivos equipamentos, e o Conselho Europeu aprovou a obrigação de ter telecontagem em todos os Estados-membros da UE no prazo máximo de dez anos. «Esta posição vem, aliás, no seguimento da aprovação da Carta de Direitos do Consumidor de Energia aprovada pelo Parlamento Europeu em Junho do ano passado, onde esta mesma obrigação existe», conclui.
 
Também segundo Adriano Mendes, director de marketing da Janz, actualmente não existe nenhum país que possa servir de referência. A sua empresa tem projectos lançados em Itália e na Finlândia, entre outros, mas que «sofrem de várias lacunas», diz, considerando mesmo que a maior aposta está a acontecer em Portugal e, «muito em breve, o Inovgrid será um exemplo a nível mundial». Para a Janz, depois de Portugal e Espanha, as grandes apostas são Angola e Venezuela, não esquecendo Macau, cujo projecto passa por colocar 200 mil clientes em telegestão.
 
EUA avançam para telecontagem sem fios
 
Nos Estados Unidos, a telecontagem é utilizada em algumas empresas e fábricas, que pagam menos pela electricidade consumida, em troca de poupanças nas horas em que o abastecimento está mais condicionado.

Naquele país, em Abril deste ano, a empresa americana de redes energéticas inteligentes Echelon, e a T-Mobile USA anunciaram a formação de uma parceria para utilizar a rede sem fios da T-Mobile para ligar os contadores inteligentes às utilities. A empresa de telecomunicações irá fornecer cartões SIM integrados num módulo de rádio celular dentro dos telecontadores da Echelon, que recolhem informação sobre os consumos de energia e outros dados para a rede da companhia. Nos EUA, a Echelon, que forneceu mais de 100 mil contadores inteligentes para a americana Duke Energy e mais de 1,6 milhões para todo o mundo, afirmou que a parceria com a T-Mobile irá providenciar uma ferramenta de comunicação económica para os contadores.
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