Governo quer criar um programa Polis para os rios
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Governo quer criar um programa Polis para os rios

Depois dos programas Polis Cidades e Polis Litoral, o Governo pretende lançar um Polis dedicado exclusivamente à requalificação dos rios portugueses. A intenção fazia parte do programa que o Partido Socialista levou a votos, nas eleições de Setembro, e mantém-se no programa de Governo para 2009-2013. No entanto, os especialistas contactados pelo AmbienteOnline têm dúvidas sobre a pertinência de um programa deste género, uma vez que os Planos de Gestão de Região Hidrográfica (PGRH), que estarão em consulta pública até ao final do primeiro semestre de 2010, deverão ser o instrumento fundamental para a requalificação dos rios.

«Um programa Polis é algo centralizador», critica Adriano Bordalo e Sá, hidrobiólogo do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. O especialista considera que as verbas que o Governo pretende disponibilizar para um programa desta natureza «devem ser canalizadas para as Administrações de Região Hidrográfica e destinadas à gestão efectiva das bacias hidrograficas, de acordo com os planos de bacia». E sublinha: «Um Polis é redundante».

Também Rui Cortes, professor catedrático da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), vê com relutância a criação de um Polis neste domínio. «Não se percebe o que é um Polis para os rios, a não ser que seja para corrigir o que o Polis fez de negativo com os rios em espaço urbano, ao aumentar o grau de artificialização», refere o docente.

Por outro lado, afirma o docente, «a requalificação fluvial extensiva deve assentar em procedimentos integrativos que estarão incluídos nos PGRH e não em programas avulso». Independentemente da decisão que for tomada sobre o Polis, o professor da UTAD considera urgente «divulgar as técnicas mais adequadas para a reabilitação física dos rios, que não podem continuar a assentar apenas em praias fluviais, percursos pedestres, espelhos de água e zonas de piquenique. Não é que não sejam importantes, mas a função e dinâmica do rio é o vector fundamental».

Dulce Pássaro acolhe a ideia

O objectivo de criar um Polis para os rios não esmoreceu com a saída de Francisco Nunes Correia do ministério da rua de O Século. A nova ministra do Ambiente, Dulce Pássaro, já se mostrou disponível para concretizar a ideia do Governo, sublinhando que há espaço para lançar um program desta natureza.

Em entrevista recente ao Diário de Notícias, a governante afirmou que «a filosofia de abordagem Polis também será interessante para alguns rios com zonas muito degradadas por actividades diversas, mau planeamento urbanístico e instalação de unidades industriais poluidoras».

Na lista de tarefas para os próximos anos de governação, a tutela coloca também o lançamento de um «programa de requalificação dos principais rios portugueses», nas vertentes de qualidade da água, repovoamento de espécies autóctones e valorização paisagística.
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