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ambiente
Alexandra Serra desvenda prioridades da APRH
Alexandra Serra é a nova presidente da Associação Portuguesa de Recursos Hídricos (APRH) para o biénio 2010/2011. O AmbienteOnline desvenda algumas das prioridades da também administradora do Grupo Águas de Portugal., que foi eleita em 22 de Março A promoção do debate interdisciplinar e maior projecção internacional da associação são alguns dos objectivos traçados.
Quais
as prioridades para o seu mandato?
A
promoção do debate interdisciplinar é uma das grandes prioridades
para o biénio da nova direcção. Queremos abrir a discussão a
outras áreas do conhecimento e do saber que tradicionalmente não
estão envolvidas nas problemáticas da água.
Nesta
comissão directiva temos um sociólogo, João Pato, temos também
uma pessoa muito ligada às matérias ambientais e zonas costeiras,
Pedro Bettencourt. É um sinal de que queremos abrir a associação.
Outra das prioridades, ao nível da agenda nacional da água, passa
por promover a integração das questões em todas as políticas
sectoriais, através da promoção de debates e sessões técnicas
que «forcem» a necessidade de integrar a água nas políticas de
desenvolvimento económico. O exemplo da Madeira, e da catástrofe
que aconteceu com a subida do caudal das ribeiras, é um sinal claro
de que é necessário integrar o ordenamento do território com os
sistemas de água.
E em termos de projecção internacional da associação o que está previsto?
A
projecção internacional da APRH é outra das apostas da nova
direcção, que já tem um espaço forte na lusofonia. Queremos ter
um papel activo no próximo Fórum Mundial da Água e vamos
contribuir para o evento que vai acontecer em Lisboa, em 2014. A APRH
também está envolvida numa iniciativa que saiu do 5º Fórum
Mundial da Água, que decorreu em Istambul no ano passado, e que
passa por uma aliança das associações para a água a nível
global.
Que
trabalho tem sido realizado no âmbito dessa aliança?
As
conclusões retiradas do fórum de Istambul, no âmbito do tema
Associativismo e Redes Profissionais, nomeadamente sobre a
necessidade de incrementar o diálogo entre associações e redes
profissionais e a importância de transmitir, a uma única voz,
mensagens que reúnam o consenso de um amplo leque de associações e
redes profissionais, conduziram ao arranque de uma iniciativa
designada por Alliance
of Water Associations,
que está ainda numa fase inicial. Em Agosto do ano passado, na
Semana da Água de Estocolmo, houve um primeiro passo mais formal. A
APRH participou numa reunião, conjuntamente com várias associações
internacionais, para
reflectir sobre as conclusões de Istambul e discutir um plano
estratégico plurianual que inclua também o processo que culminará
no 6º Fórum Mundial da Água. Neste momento, a versão preliminar
deste plano estratégico está em discussão.
Quais
são os grandes desafios que se colocam aos Recursos hídricos a
nível
planetário?
A
nível global, o crescimento da população e das necessidades de
água, alimentos e energia irão condicionar fortemente os recursos
hídricos do planeta. Actualmente, os efeitos são já visíveis e as
previsões mais recentes não são animadoras. Enfrentar a crescente
escassez de água e a volatilidade dos custos de energia e de
alimentos serão importantes desafios para a próxima década.
No
contexto dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio, é preciso
assegurar o abastecimento de água, saneamento e salubridade nas
regiões em desenvolvimento, de modo a contribuir para o
desenvolvimento e combate à pobreza.
Finalmente,
a adaptação do ciclo hidrológico ao impacto das alterações
climáticas e a gestão dos riscos associados a situações
hidrológicas extremas serão também dois temas prioritários na
agenda mundial.
A
nível europeu, um dos grandes desafios irá centrar-se nas metas
fixadas na Directiva Quadro da Água, no que diz respeito ao bom
estado das massas de água. Dificilmente se atingirão os objectivos
nos prazos fixados, pelo que é provável que rapidamente se inicie
um processo para a sua reavaliação.
E
em Portugal?
Não
são muito diferentes dos desafios que se colocam aos outros Estados
europeus: protecção das massas de água contra a poluição;
mitigação dos riscos de seca e cheias, nomeadamente daqueles que
estão associados às alterações climáticas; satisfação da
procura sustentável e recuperação dos custos dos serviços de água;
e saneamento. Destacam-se ainda os temas associados ao litoral,
nomeadamente a Estratégia Nacional para Gestão Integrada das Zonas
Costeiras e os Planos de Gestão de Estuários.