EPCOL afirma que metas para criação da Infraestrutura de Combustíveis Alternativos são ambiciosas
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EPCOL afirma que metas para criação da Infraestrutura de Combustíveis Alternativos são ambiciosas

A EPCOL (Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas) considera que os objetivos definidos para a criação da Infraestrutura de Combustíveis Alternativos (AFIR) são “ambiciosos”, especialmente no que concerne à densidade de postos de carregamento para veículos elétricos, estabelecidos pelo Regulamento (EU) 2023/1804 do Parlamento Europeu e do Conselho. No entanto, a associação expressou a sua total disponibilidade para colaborar com o grupo de trabalho responsável pela implementação dessa infraestrutura, demonstrando o seu compromisso com a transição para combustíveis alternativos.

As metas europeias preveem a instalação de postos de carregamento a cada 60 km nas principais estradas e a cada 100 km nas vias secundárias, até dezembro de 2025. Embora a EPCOL reconheça o desafio, reafirma que a rede de postos de combustíveis existente em Portugal será uma componente essencial para atingir este objetivo. “A nossa contribuição será assegurada pelo desenvolvimento contínuo das posições de carregamento alternativo, sempre de acordo com a evolução da procura dos nossos clientes”, afirmou a associação ao Jornal Água&Ambiente.

Necessidade de adequação das metas à realidade portuguesa

Um dos principais desafios que a EPCOL identificou prende-se com a adequação das metas do regulamento europeu à realidade do mercado português. Apesar de o regulamento estipular metas rigorosas para a densidade dos postos de carregamento, a EPCOL alertou para a necessidade de garantir que esta infraestrutura corresponda à procura real por veículos elétricos e híbridos, que ainda está a crescer de forma gradual no país.

“A EPCOL posiciona-se ao lado dos consumidores e das suas escolhas”, referiu a associação, defendendo que o crescimento da rede de carregamento deve acompanhar a evolução da procura. Caso contrário, há o risco de investimentos excessivos numa infraestrutura que pode não ser utilizada na sua plenitude. “Se a procura por estas fontes energéticas alternativas não aumentar, cabe ao Estado promover o cumprimento das metas, que foram decididas numa perspetiva política top-down”, acrescentou.

Apesar dos desafios identificados, a EPCOL mostrou-se confiante na capacidade das suas associadas para responder às exigências do mercado e adaptar-se às metas impostas. No entanto, a associação destacou que o Estado terá um papel crucial no cumprimento do regulamento, especialmente nas zonas onde a procura por veículos elétricos é ainda reduzida.

Adaptação gradual

Quando questionada sobre se Portugal conseguirá cumprir o prazo para a implementação da rede de postos de carregamento até 31 de dezembro de 2025, a EPCOL manifestou confiança na capacidade do país em adaptar-se, destacando o papel dos combustíveis renováveis como uma solução viável e de transição. “Os combustíveis renováveis alternativos podem substituir, na sua maioria, os combustíveis fósseis, representando uma grande vantagem, uma vez que podem ser distribuídos através do sistema logístico já existente”, explicou a EPCOL.

Esta estratégia de adaptação gradual, aliada ao desenvolvimento tecnológico e ao investimento em novas infraestruturas de produção, é vista como fundamental pela associação. Além disso, a EPCOL destaca que a transição para combustíveis de baixo carbono poderá ocorrer de forma imediata, sem necessidade de substituir a frota atual de veículos, ao contrário do que acontece com os veículos elétricos. “Os combustíveis de baixo carbono podem ser utilizados na frota de transportes rodoviários, marítimos e aéreos existentes, sem esperar pela substituição dos veículos”, afirmou.

O importante papel dos combustíveis de baixo carbono

A EPCOL sublinhou ainda a importância de uma legislação estável e de condições económicas favoráveis ao desenvolvimento dos combustíveis de baixo carbono. Estes combustíveis, que são vistos como uma solução intermédia, podem contribuir significativamente para a redução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE), sem a necessidade de substituir imediatamente os veículos a combustão.

“Continuaremos a pugnar por uma legislação clara e por condições económicas adequadas que privilegiem os combustíveis alternativos de baixo carbono”, referiu a associação. Esta abordagem permitiria que Portugal e os restantes Estados-Membros da União Europeia começassem a reduzir as suas emissões de forma mais célere, enquanto a mobilidade elétrica continua a ganhar terreno.

Infraestrutura de Combustíveis Alternativos e o pacote ‘Fit for 55’

A criação de uma Infraestrutura de Combustíveis Alternativos em Portugal faz parte do Regulamento (EU) 2023/1804, uma peça central do pacote legislativo ‘Fit for 55’, apresentado pela União Europeia em 2021. Este pacote visa reduzir as emissões líquidas de gases com efeito de estufa em, pelo menos, 55% até 2030 e alcançar a neutralidade climática até 2050.

A EPCOL destaca que o regulamento europeu, que substitui uma diretiva anterior, tem aplicação direta em todos os Estados-Membros, o que torna o seu cumprimento obrigatório em Portugal. Nesse sentido, as associadas da EPCOL, que já têm implementado várias posições de carregamento para veículos elétricos, tanto nas suas instalações próprias como nos postos de combustíveis tradicionais, estão comprometidas em continuar a fornecer alternativas energéticas aos seus consumidores.

A colaboração entre o setor privado e o Estado será essencial para garantir o cumprimento destas metas e para assegurar que a infraestrutura de combustíveis alternativos é implementada de forma eficiente e de acordo com as necessidades do mercado português.

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