
GEOTA rejeita mega central solar em área protegida no Alentejo
O GEOTA – Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente – manifestou esta quarta-feira a sua forte oposição ao projeto do Complexo Solar Fotovoltaico do Sado, em Alcácer do Sal, atualmente em consulta pública. Num comunicado, a organização ambientalista exige que a proposta seja rejeitada antes mesmo de avançar para a fase do Estudo de Impacto Ambiental, devido à localização da central, que ocupa integralmente uma Zona Especial de Conservação integrada na Rede Natura 2000.
O projeto prevê a instalação de mais de um milhão de painéis solares, num total de 600 megawatts, numa área reconhecida pela sua elevada importância ecológica, incluindo habitats de montado de sobro e azinho e espécies protegidas. O GEOTA alerta para o “impacto irreversível” que esta construção poderá causar nos solos, linhas de água e biodiversidade local, classificando o caso como “um exemplo paradigmático de como a transição energética não pode ser feita à custa da destruição do património natural protegido”.
Miguel Macias Sequeira, vice-presidente do GEOTA, sublinha que o país está comprometido com a proteção de 30% do seu território e a implementar um Plano de Restauro da Natureza. “Avançar com uma central solar desta dimensão numa área protegida seria uma contradição total com estes objetivos”, afirma, frisando que as energias renováveis “devem, preferencialmente, ser instaladas em áreas já edificadas ou degradadas e, nunca, em zonas classificadas”.
Para além do impacto ambiental, a organização alerta para a saturação da região, que tem sofrido uma crescente pressão devido a múltiplos projetos turísticos, agrícolas e mineiros. “O projeto agora em consulta acentua uma tendência de pressão insustentável”, refere o GEOTA, que defende a necessidade de medidas vinculativas e quantificáveis de mitigação caso o complexo avance.
Entre as soluções apontadas, destaca-se a criação de comunidades de energia renovável geridas localmente, com apoio do promotor, e a compatibilização do uso do solo com atividades agrícolas e pastoris. Para Miguel Macias Sequeira, “uma transição energética justa implica ouvir as populações, garantir compensações reais e evitar injustiças ambientais. Este projeto, tal como está, falha em todos esses critérios”.
O GEOTA apela, assim, a uma estratégia coerente para o ordenamento do território, em que a expansão das energias renováveis não comprometa as áreas protegidas do país.