José Veiga Frade: “Sector da água está a deixar um problema às gerações futuras” (COM VÍDEO)
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José Veiga Frade: “Sector da água está a deixar um problema às gerações futuras” (COM VÍDEO)

A sustentabilidade económico-financeira e social é um dos cinco eixos chave do PENSAAR 2020, “uma nova estratégia para o sector de abastecimento de água e saneamento de águas residuais”, apresentada nesta manhã de sexta-feira no Centro de Congressos de Lisboa, no dia de encerramento do Congresso Mundial da Água.

O coordenador do grupo de trabalho que elaborou o documento, José Veiga Frade, frisou a dificuldade em conciliar as várias dimensões deste objectivo tendo em conta que, por vezes, entram em conflito. “Quanto menos se paga, e aqui falamos da sustentabilidade social, mais se está a colocar em causa a sustentabilidade financeira”, citou para exemplificar as dificuldades sentidas pelo sector que tem como objectivo último servir a população mas que continua a não assegurar a cobertura dos custos.

José Veiga Frade considera que é premente resolver esta questão já que se assim não for está a hipotecar-se o futuro das próximas gerações. “O problema actual do sector da água é um problema de falta de solidariedade intergeracional. Ao adiar a sua resolução estamos a transferir esse problema para as gerações futuras. O problema vai agravar-se porque o investimento que tem sido feito neste sector faz com que o esforço financeiro necessário para que o sistema funcione implique uma sustentabilidade económico-financeira que neste momento não está assegurada”, alertou o responsável em declarações ao Ambiente Online.

Este eixo do plano aponta para a necessidade de “recuperação sustentável dos gastos, optimização dos gastos operacionais e redução da água não facturada” que, em média, atinge os 40 por cento. “Enquanto não houver a garantia de que o sector funciona de uma forma eficiente é muito difícil pedir a quem tiver que fazer um esforço financeiro adicional”.

O investimento na reabilitação das infra-estruturas de água, por exemplo, faz-se a um ritmo de apenas um por cento ao ano, o que é claramente insuficiente.

Os restantes eixos preconizados pelo PENSAAR prendem-se com a protecção do ambiente; melhoria da qualidade dos serviços; a gestão eficiente dos recursos e condições básicas, como o emprego, alterações climáticas e inovação.

O PENSAAR integra também um plano de gestão para evitar que o documento venha a ser “esquecido numa prateleira” e criar condições para que seja implementado na prática.  Esta foi uma lacuna detectada no planos estratégicos anteriores.

O novo paradigma é o de que a estratégia deve estar menos centrada na realização de infra-estruturas para aumento da cobertura, o que já foi concretizado ao longo dos anos, e focalizar-se mais na gestão dos activos, funcionamento e qualidade dos serviços, o que foi realçado também pelo Ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, que adiou para a próxima semana a apresentação da reforma do sector da água, uma das componentes deste plano.

A comissão de acompanhamento do plano integra várias entidades, como a Agência Portuguesa do Ambiente a Águas de Portugal, a Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas e a ERSAR, entre outras. A versão preliminar integral está disponível na página oficial da Agência Portuguesa do Ambiente. 

Ana Santiago 

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