
Localização para central de valorização energética já identificada na região Centro
A região Centro já dispõe de uma área potencial para a instalação de uma central de valorização energética, localizada no aterro sanitário do Planalto Beirão, próximo da Serra do Caramulo e com acesso privilegiado às principais vias de comunicação, como a A25 e o IP3. José Portela, Administrador-Delegado da Ecobeirão, revelou esta informação no encontro sobre resíduos, organizado pela Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), explicando que foi mandatado pelos 19 autarcas que integram a Associação de Municípios do Planalto Beirão para transmitir a disponibilidade da região em acolher este projeto estratégico.
Quando questionado pelo Água&Ambiente Online sobre se já existiam indicações concretas para a implementação da central, José Portela não quis comentar.
Durante a sua intervenção, José Portela destacou a necessidade urgente de abordar soluções inovadoras para o tratamento de resíduos urbanos, uma vez que a capacidade de depósito em aterro na região Centro está próxima do limite. Apesar de ser a região que menos resíduos deposita diretamente em aterros sanitários, graças ao uso de tecnologias de tratamento mecânico que promovem a separação de frações recicláveis e orgânicas, cerca de 450 mil toneladas de fração resto continuam sem destino sustentável, disse ao Água&Ambiente Online. Para José Portela, a valorização energética pode ser uma solução viável e alinhada com as práticas já adotadas em países como Espanha e França.
“A região Centro tem todas as condições para avançar com este projeto, desde a localização estratégica, entre a Serra do Caramulo e a Serra da Estrela, até à infraestrutura existente no aterro sanitário, que inclui uma área de cinco hectares preparada para uma eventual expansão. Esta é uma oportunidade de mudar o paradigma da gestão de resíduos na região”, afirmou. José Portela acrescentou ainda que este projeto poderia ser suportado por um modelo de governança flexível, seja através de uma associação de municípios de fins específicos ou de uma empresa intermunicipal.
Apesar de reconhecer o potencial da valorização energética, o responsável sublinhou que a decisão final cabe às autarquias e à tutela, que terão de avaliar a melhor solução tecnológica e económica para enfrentar o défice de tratamento de resíduos na região.
José Portela destacou ainda que o Planalto Beirão, que abrange cerca de 1,7 milhões de habitantes e 4 mil km², tem vindo a investir na recolha seletiva de biorresíduos. Este esforço, no entanto, não é suficiente para resolver o problema da fração resto, o que reforça a necessidade de avançar para soluções mais integradas.
“Vamos falar sem tabus: a valorização energética é uma garantia nas sociedades ocidentais, e a região Centro não pode continuar a ignorar esta possibilidade”, declarou José Portela, deixando em aberto o desafio para uma discussão alargada sobre o futuro da gestão de resíduos.