
Microplásticos encontrados no interior de várias espécies de peixes capturados na costa portuguesa
Micro partículas de plásticos foram encontradas no interior de várias espécies de peixes, desde a cavala até à pescada, capturados ao longo da costa portuguesa, segundo resultados de um estudo que está a ser concluído por investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT) da Universidade Nova de Lisboa.
Os 263 peixes usados para a realização do estudo foram recolhidos em 2013 em vários arrastos na costa portuguesa de norte a sul do país, explicou ao Ambiente Online, Paula Sobral, uma das autoras do trabalho de investigação.
Os dados sobre a ingestão de plástico por parte de peixes foram partilhados durante o seminário internacional Coastwatch, que se realizou na semana passada em Lisboa. “O plástico é o novo elo da cadeira alimentar com efeitos que ainda não conhecemos”, alertou a investigadora durante a sessão.
Os efeitos da poluição por microplásticos ainda não são bem conhecidos, “embora recentemente tenham sido divulgados alguns artigos científicos que falam da ingestão de partículas, do emaranhamento de mamíferos e répteis em redes de pesca abandonadas no mar e da potencial obstrução mecânica do tubo digestivo e contaminação por POP (Poluentes Orgânicos Persistentes) adsorvidos aos microplásticos”, divulga o Projecto Poizon, desenvolvido também pela FCT.
O plástico representa 91 por cento de todo o lixo marinho encontrado em zonas de acumulação de lixo em Portugal continental.
O plástico (redes, cabos e sacos) equivale também a 76 por cento do lixo marinho encontrado em arrastos de fundo em Portugal, principalmente ao largo do rio Tejo, salienta a investigadora. Segue-se o vidro (10 por cento) e metal (seis por cento).
A maior parte dos plásticos que poluem os oceanos vão sendo fragmentados por via da salinidade, foto-degradação e temperatura, entre outros fenómenos, e multiplicam-se em pequenos fragmentos acabando por ser confundidos com alimentos pelos animais. A maior parte deste lixo tem o tamanho inferior a uma tampa de garrafa de plástico.
Paula Sobral acredita que é possível mudar esta tendência recorrendo à legislação, tecnologia e educação. “O cidadão tem que reformular hábitos e utilizar cada vez menos embalagens”, propõe a investigadora.
Ana Santiago