
Ministro do Ambiente pede investimento nas interligações de gás natural de Sines à Europa
O Ministro do Ambiente e da Ação Climática, João Pedro Matos Fernandes, defende que a Europa deve «diversificar as suas fontes energéticas», acrescentando que um investimento no porto de Sines é essencial.
À margem do seminário "América Latina e União Europeia: dois parceiros estratégicos na cena mundial. O Brasil, motor de recuperação pós-covid”, o governante afirmou que “Sines tem hoje capacidade para abastecer com Gás Natural Liquefeito todo o mercado português, até é sobrante a capacidade que tem. Pode ser uma importantíssima porta de entrada para esse mesmo LNG”.
Ainda de acordo com Matos Fernandes, há investimentos que devem ser feitos para que tal aconteça, nomeadamente “investimento na armazenagem, investimento num novo ‘pipeline’, investimento em novas formas, mais eficientes, para descarregar esse gás dos navios».
“Esse é um projeto essencial para toda a Europa”, afirmou, recordando depois “o corte de relações” entre Argélia e Marrocos, que inviabilizou o fornecimento de gás através de Espanha.
Face à invasão da Ucrânia pela Rússia, responsável por mais de 40% das importações anuais de gás natural da UE, o ministro do Ambiente disse ainda que há um risco “em cima da mesa”: “É essencial termos outras portas de entrada desse mesmo gás para a Europa e é essencial para Portugal que este ‘pipeline’ venha a ser feito, porque este ‘pipeline’ é já pensado para o hidrogénio verde, que Portugal vai poder produzir a condições muito mais competitivas que o norte da Europa”, afirmou.
Matos Fernandes pediu à UE para que “ponha a mão na consciência”, uma vez que “não incluiu este ‘pipeline’ de Sines até França nos projetos prioritários para a energia”.
Na sua intervenção no seminário, o ministro recordou que o fornecimento de gás natural russo a Portugal representa cerca de 10% e que, apesar de a Europa correr o risco de sofrer “um abanão, Portugal não vai sofrer nada”. “No dia em que houver um embargo à energia vinda da Rússia, a Europa vai sofrer um forte abanão, Portugal não vai sofrer nada, vai é reforçar a capacidade que tem de, pelo menos em parte, substituir esse mesmo abanão, podendo utilizar Sines como uma plataforma “, vincou.
Recorde-se que na quinta-feira, a REN – Redes Energéticas Nacionais afirmou que Terminal de Sines assegurou a totalidade do abastecimento de gás natural em Portugal durante o mês de fevereiro, tendo-se ainda registado exportações, através da interligação com Espanha, equivalentes a 10% do consumo nacional.