
Ocean Winds estuda impacto ambiental de parque eólico ao largo de Viana do Castelo
A Ocean Winds está a estudar o impacto ambiental do projeto Windfloat Atlantic, parque eólico instalado no mar, ao largo de Viana do Castelo, estimando para o início de 2024 os primeiros resultados da investigação, foi esta segunda-feira divulgado.
Em declarações à agência Lusa, à margem de uma visita do bastonário da Ordem dos Engenheiros ao Windfloat Atlantic, o diretor do primeiro parque eólico flutuante da Europa, José Pinheiro, adiantou que o estudo da biodiversidade começou em setembro de 2023 e é complementar às obrigações da Ocean Winds, previstas no licenciamento ambiental do empreendimento.
O parque com tecnologia Windfloat é composto por três plataformas flutuantes que sustentam turbinas com capacidade instalada de 25 megawatt (MW), ligado a um cabo de 18 quilómetros, instalado a 100 metros de profundidade no fundo do mar, com capacidade para receber 200 MW de energia renovável, e que, atualmente, produz 25 MW.
“Sendo pioneira e gestora deste projeto [Ocean Winds], aproveitamos a oportunidade real para estudar o lado de engenharia e da componente operacional do projeto, mas também o lado ambiental com mais definição e detalhe (…). Temos noção que é muito importante provar a bondade ambiental ou, pelo menos estudá-la em detalhe para podermos chegar a conclusões científicas, com factos e, depois, fazer interpretações e adaptarmo-nos a essas realidades.
"Entender com detalhe, profundamente, a nossa interação com a fauna e flora marítimas”, especificou.
O projeto do consórcio Ocean Winds foi coordenado pela EDP, através da EDP Renováveis, e integra o parceiro tecnológico Principle Power e a Repsol.
A investigação, segundo José Pinheiro, abrange, entre outros aspetos “um conjunto de monitorizações, mapeamento e quantidade de espécies” na envolvente do projeto Windfloat.
“É um projeto jovem. A tecnologia vem sendo amadurecida, há mais de uma década, mas é um processo contínuo de aprendizagem, também do ponto de vista ambiental”, referiu.
Segundo José Pinheiro, trata-se de “um estudo a longo prazo”, sendo que, “no início de 2024”, serão conhecidos “alguns resultados” que permitirão “evidenciar a possibilidade de coexistência de setores mais tradicionais com os mais inovadores”.
“Como vamos um pouco à frente na utilização deste tipo de tecnologia, é, para nós, extremamente importante perceber essas interações. É fundamental partir da base. Se se provar que um conjunto de equipamentos instalados no mar, do ponto de vista ambiental, não são, pelo menos, malignos, é peça fundamental para poder coexistir com outras atividades e com sinergias com a pesca, a aquacultura e mais investigação”, sustentou.
O WindFloat Atlantic é apoiado por entidades públicas e privadas e é financiado pela Comissão Europeia, pelo Governo português e pelo Banco Europeu de Investimento (BEI).
O bastonário da Ordem dos Engenheiros (OE), Fernando de Almeida Santos, destacou que o projeto Windfloat integra o livro "Engenharia XXI", editado pela instituição e que reúne as melhores obras, projetos e soluções de engenharia portuguesa, dos últimos 20 anos”, como sendo “um exemplo de boa engenharia”.
“A engenharia portuguesa é de excelência, não fica a dever nada a engenharias internacionais. Conseguimos ter dimensão de liderança e exportar engenheiros, um recurso humano estratégico que faz muita falta a Portugal. Uma das grandes obrigações dos portugueses é reter os nossos talentos. Precisamos de muita que está a sair de Portugal e de outra que devíamos estar a formar e não estamos porque não há procura de alguns cursos de engenharia”, disse Fernando de Almeida Santos.