
Paredes admite que ampliação de ETAR não resolveu poluição no rio Ferreira
A remodelação da Estação de Tratamento de Águas Residuais de Paços de Ferreira, onde foram investidos 5,1 milhões de euros, não resolveu o problema da poluição do rio Ferreira, admitiu esta quinta-feira o presidente da vizinha Câmara de Paredes.
Em declarações à Lusa, Alexandre Almeida contou ter recebido a informação de que a vizinha Câmara de Paços de Ferreira já "concluiu que os equipamentos não funcionam como era suposto e já avançou com uma ação em tribunal contra a empresa responsável pela instalação da ETAR”.
A Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Arreigada, no concelho de Paços de Ferreira, drena os efluentes para o rio Ferreira, linha de água que evoluiu para o vizinho concelho de Paredes, na zona de Lordelo, onde a poluição é observada há mais de duas décadas.
A Lusa tentou, sem sucesso até ao momento, obter da Câmara de Paços de Ferreira uma posição sobre a matéria.
Em setembro de 2020, o vereador do Ambiente na Câmara de Paços de Ferreira (PS) disse à Lusa que a ETAR de Arreigada, foco de poluição no rio Ferreira, que tinha sido remodelada, estaria, em outubro daquele ano, a tratar a totalidade dos esgotos do concelho.
O autarca garantiu à Lusa que a nova ETAR permitiria resolver “um problema com décadas”.
“O concelho tem uma das ETAR mais avançadas do país”, com o dobro da capacidade da anterior, acentuou, naquela data.
Contudo, devido à poluição que se tem observado desde então no rio, na zona em Paredes, o PSD local, na quarta-feira, em comunicado, tomou uma posição crítica em relação ao presidente da câmara, Alexandre Almeida (PS), acusando-o de ter mentido sobre o assunto.
“Afinal Alexandre Almeida andou a mentir aos paredenses e a permitir que acontecessem graves problemas ambientais durante todos estes anos, acusa Ricardo Sousa, vereador do PSD e presidente da concelhia social-democrata.
O dirigente recorda haver, “infelizmente, pessoas a sofrer com as consequências da poluição do rio Ferreira, tanto a nível de saúde, como a nível económico”, considerando que, “no concelho de Paredes, há um responsável por esta situação, devido às suas ações e sobretudo às suas omissões: Alexandre Almeida”.
“Nada passou de promessas. Alexandre Almeida enganou os paredenses, mormente as populações de Lordelo e de Rebordosa”, acrescenta Ricardo Sousa, que diz ponderar “uma queixa-crime contra o edil de Paredes, pelo crime ambiental que está a cometer”.
Esta quinta-feira, num esclarecimento à Lusa, o autarca de Paredes afirmou: “Terá de ser feito um novo investimento de raiz para colocar uma ETAR definitivamente a funcionar como deveria”.
A Câmara de Paredes acompanhou de perto a questão da ETAR de Arreigada, no vizinho concelho de Paços de Ferreira. Ambas as autarquias criaram, no verão de 2019, uma comissão de acompanhamento conjunta das obras e promoveram visitas ao equipamento, que foram acompanhadas pela comunicação social.
Dois anos depois da empreitada concluída na estação de tratamento e das queixas que se tem ouvido da poluição que ainda se observa no rio, o autarca de Paredes indica agora que “terá de ser feita uma nova ETAR, que vai complementar a que já existe, com tecnologia diferente”.
Segundo Alexandre Almeida, o equipamento onde foram investidos 5,1 milhões de euros, para a sua ampliação e modernização, “falhou na tecnologia e, pelo que está a ser verificado, mesmo que a tecnologia não falhasse, iria ser insuficiente para tratar os efluentes para os quais estava destinada".