
Parques eólicos ameaçam áreas protegidas em plena Semana da Biodiversidade, alerta ZERO
A ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável manifestou forte preocupação com a instalação de novos parques eólicos em zonas protegidas de Portugal, alertando para os riscos que estes projetos representam para a conservação da natureza. O alerta surge na semana em que se assinalam o Dia Europeu da Rede Natura 2000 (21 de maio) e o Dia Internacional da Biodiversidade (22 de maio).
De acordo com a ZERO, estão em causa três projetos com impacto direto em Zonas Especiais de Conservação inseridas na Rede Natura 2000. Um dos casos mais preocupantes é o do Parque Eólico de Arcos de Valdevez, projetado para a área do Parque Nacional da Peneda-Gerês. Prevê-se a instalação de 32 aerogeradores e uma linha de muito alta tensão, ainda sem traçado definido, que atravessaria zonas de elevado valor ecológico. A associação considera o projeto “um exemplo flagrante de desrespeito pelos valores naturais classificados”.
Também no Algarve, o Parque Eólico de Silves levanta sérias dúvidas. Com uma área de estudo superior a 7.300 hectares, poderá afetar a Serra de Monchique, região importante para aves de rapina e classificada como Zona de Proteção Especial. A ZERO critica a escassez de informação nos processos de consulta pública e a ausência de alternativas menos impactantes, tendo emitido parecer desfavorável.
Por fim, a associação contesta o projeto de reequipamento do Parque Eólico de Tendais, na Zona Especial de Conservação de Montemuro. Embora reconheça o princípio de modernização, a ZERO denuncia que o plano proposto prevê novas fundações de betão em locais distintos dos atuais, sem aproveitar as infraestruturas existentes. “Estamos perante a perpetuação de um rasto de passivo ambiental”, afirma a organização.
A ZERO frisa que não se opõe à produção de energia renovável, mas defende que a transição energética deve respeitar os ecossistemas e ocorrer fora das áreas de maior sensibilidade. Sublinha ainda a necessidade de “uma mudança de paradigma” na forma como são avaliados e aprovados estes projetos, exigindo uma abordagem mais estratégica e ambientalmente responsável.