
Portugal quer perceber resistência francesa às interligações e apela a compromisso europeu
A ministra da Energia, Maria da Graça Carvalho, afirmou esta quarta-feira que França demonstra pouco interesse nas interconexões energéticas, mas o Governo português pretende "compreender as razões" e fazer Paris perceber as vantagens de uma maior ligação entre os países, noticiou a agência Lusa. As declarações foram feitas após uma reunião entre Portugal, Espanha, França e a Comissão Europeia, em Bruxelas.
De acordo com a agência Lusa, Maria da Graça Carvalho explicou que o tema das interconexões está "sempre na agenda política", apesar de vários atrasos que têm atrasado o progresso. A governante referiu que “as duas ligações dos Pirenéus que faziam parte do plano das redes de França neste momento não fazem parte [do plano] até 2035”. O Governo português, em conjunto com Espanha, pediu à Comissão Europeia um "compromisso político e financeiro firme" para avançar rapidamente com a integração energética da Península Ibérica na rede europeia.
A carta entregue ao comissário europeu da Energia, Dan Jørgensen, propõe a realização de uma reunião ministerial ainda este ano, onde, com a participação de França e da Comissão, se possa definir um roteiro claro com metas para 2030 e 2040. “É necessária uma prioridade reforçada e urgente à concretização destas infraestruturas críticas”, frisam os ministérios de Portugal e Espanha.
O pedido surge na sequência do apagão que, a 28 de abril, afetou Portugal continental, Espanha, Andorra e parte do território francês. Este incidente evidenciou a vulnerabilidade da rede energética na Península Ibérica, cuja interligação com o resto da União Europeia está abaixo dos 3%, segundo dados oficiais.
Como lembrou a Lusa, o Governo português tem defendido que a interligação energética com a União Europeia aumente para 15% até 2030, valorizando o papel das infraestruturas para melhorar a segurança energética, reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e apoiar a transição para as energias renováveis. Para tal, estima-se que sejam necessários investimentos da ordem de 584 mil milhões de euros na modernização das redes elétricas europeias ao longo desta década, incluindo a construção de interconexões transfronteiriças.