Presidente da Junta de São Romão de Neiva lamenta que freguesia seja

Presidente da Junta de São Romão de Neiva lamenta que freguesia seja "esgoto” da zona industrial em Viana de Castelo

O presidente da Junta de São Romão de Neiva (Viana do Castelo), Manuel Salgueiro, lamentou esta segunda-feira que a freguesia seja “o esgoto” da zona industrial, afirmando que a população se sente “revoltada” com as constantes descargas poluentes no ribeiro de Radivau.

“A freguesia de São Romão de Neiva é o esgoto da zona industrial. Isto tem de acabar”, afirmou Manuel Salgueiro, referindo-se a mais uma descarga ocorrida esta segunda-feira.

O autarca socialista classificou esta descarga poluente como a “maior descarga de sempre” no ribeiro de Radivau, junto à segunda fase da zona industrial do Neiva.

O ribeiro de Radivau desagua no rio Neiva, entre Castelo do Neiva, Viana do Castelo, e Antas, no concelho de Esposende, distrito de Braga. No Verão, este curso de água é muito frequentado para a prática balnear.

“Hoje a água do ribeiro corre azul. É colorida. Quem é que trabalha com isto? É evidente que toda a gente sabe de onde é que isso vem”, apontou, escusando-se a revelar a unidade fabril que, alegadamente, fará as descargas no ribeiro.

O autarca adiantou ter acionado o Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) da GNR, mas considerou que, “neste caso, o crime compensa”.

“Têm sido feitas denúncias, as autoridades sabem do que se passa, mas o crime compensa porque ninguém faz nada. Os moradores da freguesia estão revoltados com isto”, acrescentou.

Contactada pela Lusa, fonte do município de Viana do Castelo respondeu: “A vereadora do ambiente informa que os serviços estão já a acompanhar a situação para verificar a origem da descarga, num trabalho conjunto com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e com o SEPNA”.

Segundo o presidente da junta de freguesia, “há pessoas que têm campos agrícolas ao lado do ribeiro” e que começam a desistir de os cultivar. “Quando há cheias, as águas contaminam os terrenos agrícolas. As pessoas sentem-se impotentes e estão a desistir de fazer as suas culturas. É um prejuízo para as pessoas”, sustentou.

Recorde-se que em dezembro de 2022, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) informou que os “problemas de poluição” no ribeiro de Radivau “resultam de ligações indevidas à rede de águas pluviais, no troço em que a mesma se encontra entubada”. Na ocasião, em resposta escrita a um pedido de esclarecimentos enviado pela Lusa na sequência de uma nova descarga, de “óleo e gasóleo”, a APA adiantou que, pelo facto das descargas ocorrerem no troço da rede de águas pluviais que está entubada, é “difícil identificar a origem de todas as descargas”. Segundo a APA, no âmbito das ações de fiscalização que realizou após as primeiras descargas, que começaram em janeiro de 2022, “identificaram-se situações de rejeição de águas provenientes do separador de hidrocarbonetos sem autorização e práticas suscetíveis de gerar descargas de águas residuais e/ou de lavagens para a rede de águas pluviais”. “Na sequência destas ações, os estabelecimentos industriais foram notificados no sentido de procederem às respetivas correções”, referiu a agência tutelada pelo Ministério do Ambiente.

A APA, através do seu departamento descentralizado - Administração da Região Hidrográfica do Norte (ARH do Norte), adiantou ainda ter solicitado à Câmara de Viana do Castelo, “como entidade responsável pela rede de águas pluviais, a realização de um diagnóstico pormenorizado do sistema de drenagem de águas pluviais para garantir o seu regular funcionamento, a identificação de afluências indevidas, assim como a limpeza da linha de água, nos locais de estagnação, devido à vegetação existente”. Por sua vez, aquela entidade admitiu não ter conhecimento da descarga e garantiu que “irá apurar junto das entidades locais, nomeadamente do Núcleo de Proteção Ambiental (NPA) da GNR e do município, informações mais detalhadas”.

Sobre a descarga desta segunda-feira, a agência Lusa contactou também a APA e aguarda resposta aos esclarecimentos pedidos. 

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