Red Eléctrica acusa produtoras de energia pelo apagão, empresas negam incumprimento

A Red Eléctrica de España (REE), operadora do sistema elétrico espanhol, afastou esta quarta-feira qualquer falha de planeamento no apagão que afetou a Península Ibérica a 28 de abril, responsabilizando as empresas produtoras de energia por não cumprirem as obrigações previstas. A posição foi divulgada numa conferência de imprensa em Madrid, na sequência de um inquérito interno da empresa, noticiou a agência Lusa.

Segundo a diretora-geral de Operação da REE, Concha Sánchez, “se os geradores com obrigação de controlo dinâmico de tensão tivessem cumprido, não teria havido apagão”, citou a Lusa. A empresa afirma que o colapso foi provocado por uma sequência de eventos, incluindo oscilações detetadas no sistema ainda antes da falha geral, desligamentos incorretos de unidades de produção e ausência de resposta adequada à sobrecarga de tensão.

A REE especifica que a primeira oscilação foi registada às 12h03 (hora local), meia hora antes do apagão, numa instalação fotovoltaica em Badajoz. De seguida, ocorreram perdas de produção causadas por desligamentos considerados “não justificados”, mesmo quando a tensão ainda se encontrava dentro dos limites legais. Estas desconexões, aliadas à ausência de mecanismos de absorção da sobrecarga, acabaram por desencadear o colapso da rede.

As conclusões da REE contrariam o relatório divulgado no dia anterior pelo Governo espanhol, que apontava para uma “má planificação” da operadora e falhas de resposta por parte das empresas produtoras. Apesar das divergências, nem a REE nem o executivo identificaram publicamente as empresas envolvidas, alegando razões legais de confidencialidade.

Entretanto, a associação Aelec, que representa empresas como a Iberdrola, Endesa e EDP, garantiu que todas cumpriram com os requisitos legais nesse dia. A associação acusa a REE de ter optado por uma gestão da tensão limitada e desequilibrada, apesar de “dispor de recursos suficientes”.