
Seca afeta mais de metade dos solos europeus, a maior proporção desde 2012
Segundo dados do European Drought Observatory (EDO), analisados pela agência AFP e citados pela Lusa, entre 11 e 20 de maio, 53% dos solos estavam afetados pela seca, uma percentagem que supera em 20 pontos a média registada entre 2012 e 2024.
O observatório, que integra o programa europeu Copernicus, baseia-se em imagens de satélite e avalia três critérios: precipitação, humidade do solo e condição da vegetação. Os níveis de seca são classificados em três escalões — vigilância, aviso e alerta. No período referido, 42% dos solos estavam em défice de humidade (aviso) e 5% em alerta, o que significa que a vegetação apresentava um crescimento anómalo.
De acordo com a agência Lusa, o impacto foi particularmente grave na Europa do Norte, Central e de Leste. Na Ucrânia, 19% do território encontrava-se em estado de alerta, enquanto a Bielorrússia (17%), Polónia (10%), Hungria e Eslováquia (9%) registavam também situações preocupantes. Mais a sul, as taxas de alerta atingiam ou superavam os 20% na Síria, em Chipre e nos Territórios Palestinianos.
Apesar de não estarem em alerta, países como o Reino Unido foram fortemente afetados. "98% do território britânico estava em situação de seca, com 60% dos solos em défice de humidade", indicou o EDO. Esta condição mantém-se desde março e coincide com a primavera mais quente e seca no Reino Unido em mais de meio século. A agência meteorológica britânica, Met Office, revelou que entre março e abril caíram apenas 128,2 milímetros de chuva. Na Inglaterra, foi mesmo a primavera mais seca em mais de 100 anos, o que já está a ter impacto nos agricultores e nas reservas de água.
Portugal e Espanha registaram, pelo contrário, as taxas mais baixas de seca no período analisado, com apenas 0,2% e 2,3% dos seus territórios afetados, respetivamente. Em França, cerca de 31% do solo apresentava sinais de seca, sobretudo no norte.
A 23 de maio, o Banco Central Europeu alertou para os riscos económicos associados à seca, avisando que eventos extremos poderão ameaçar até 15% da produção da zona euro, num contexto de alterações climáticas que se espera venham a agravar a frequência destes fenómenos.