Secretário de Estado da Energia admite que franceses podem travar interligações energéticas
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Secretário de Estado da Energia admite que franceses podem travar interligações energéticas

O Secretário de Estado de Estado da Energia, Artur Trindade, admite que os franceses podem travar as interligações energéticas que permitiriam que a Península Ibérica exportasse energia renovável para toda a Europa ajudando outros países a cumprir as metas europeias de redução de emissões.

“Os franceses têm uma política de boicote às interligações que justificam com questões ecológicas de atravessamento dos pirinéus que não podem ser fustigados com linhas eléctricas”, comentou Artur Trindade a encerrar a conferência organizada pela APESF – Associação Portuguesa das Empresas do Sector Fotovoltaico.

O governante respondia a uma questão lançada pelo presidente da APREN – Associação de Energias Renováveis, António Sá da Costa, sobre a eventualidade de uma interdição dos franceses a este projecto de interligações.

Artur Trindade reconheceu que os franceses têm uma “política proteccionista” na área energética por “receio da capacidade da Ibéria em exportar energia mais barata”. “Este argumento, apesar de ter um fundo de verdade, não é muito coerente”, referiu.

Caso os franceses boicotassem as interligações via terrestre a solução seria avançar via marítima, o que encareceria muito o projecto, explicou Artur Trindade.

A estratégia do governo português é por isso a de que a Comissão Europeia se constitua como "dona da obra" obrigando os “Estados-membros a progredir” não confinando este tema a uma questão de política regional, mas alargando-o a toda a Europa.

Recorde-se que no Conselho Europeu de 23 e 24 de Outubro o pacote Clima e Energia 2030 passou, pela primeira vez, a incluir uma quarta meta dedicada às interligações, o que correspondia a uma reivindicação de Portugal.

A par das metas de CO2, Renováveis e Eficiência Energética, Portugal conseguiu também recuperar “a meta falhada”, desde 2002, de 10 por cento de interligações “com urgência e nunca depois de 2020”, bem como uma meta de interligações de 15 por cento até 2030.

“O mercado interno da energia não pode terminar nos pirinéus. A verdade é que entre a Pensínsula Ibérica e França temos níveis de interligações de apenas 1,5 por cento quando 80 por cento, a maior parte dos países europeus, têm interligações superiores a 30 por cento”, sublinhou em Outubro o Ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, em declarações ao Ambiente Online.

Desde o início que Portugal lutou para que as metas fossem consagradas neste acordo clima-energia e o governo português chegou a ameaçar bloquear a decisão se esta meta não fosse alcançada, o que não chegou a ser necessário.

Ana Santiago 

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