
ZERO alerta para falta de apoio aos projetos de combustível de aviação sustentável em Portugal
A ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável alertou esta quarta-feira para a necessidade urgente de um maior envolvimento do Governo português na promoção de projetos de produção de querosene sintético (eSAF), um combustível considerado essencial para a descarbonização da aviação. O apelo surge na semana em que decorre, em Paris, a Feira Internacional de Aeronáutica.
O aviso baseia-se num estudo da Federação Europeia de Transportes e Ambiente (T&E), da qual a ZERO faz parte, que destaca o potencial da Europa para liderar a produção mundial de eSAF. Este combustível é produzido a partir de hidrogénio verde e dióxido de carbono, utilizando fontes de energia renovável. A sua utilização pode reduzir em mais de 90% as emissões de CO₂ em comparação com os combustíveis fósseis tradicionais.
Apesar de cerca de 40 projetos de eSAF de grande escala estarem anunciados na Europa, nenhum se encontra ainda em fase de construção, e apenas quatro estão em estágio avançado, sem que tenha sido tomada qualquer decisão final de investimento. Para a ZERO, esta estagnação deve-se, sobretudo, à falta de financiamento e à ausência das grandes petrolíferas, que continuam a investir preferencialmente em combustíveis fósseis. “É essencial criar um quadro legal e de financiamento estável”, afirma a associação, que considera o atual regulamento europeu ReFuelEU insuficiente.
Portugal, segundo a ZERO, tem condições vantajosas para produzir eSAF de forma autossuficiente, graças à elevada incorporação de energias renováveis prevista na rede elétrica e aos baixos custos da energia solar. No entanto, os dois projetos previstos no país ainda não têm luz verde definitiva. A associação defende que o Governo deve assegurar que os 40 milhões de euros já anunciados para apoiar combustíveis sustentáveis de aviação sejam exclusivamente dirigidos a projetos de eSAF.
A ZERO apela ainda ao Executivo para que assuma uma posição firme na defesa deste tipo de combustível no Plano Europeu de Investimento para Transportes Sustentáveis e que o Roteiro Nacional para a Descarbonização da Aviação inclua medidas concretas de apoio ao avanço destes projetos.