ZERO considera “inaceitáveis” áreas REN onde nova legislação permite construir

ZERO considera “inaceitáveis” áreas REN onde nova legislação permite construir

A associação ZERO considera “inaceitáveis” as tipologias de áreas de Reserva Ecológica Nacional (REN) que foram excluídas do novo regime de exceção onde se poderá vir a construir habitação, e alertou para a impermeabilização dos solos.

As áreas estratégicas de infiltração e de proteção e recarga de aquíferos, que são relevantes para a sustentabilidade do ciclo hidrológico terrestre, as áreas de elevado risco de erosão do solo e as áreas de instabilidade de vertentes, que servem para prevenção de riscos naturais, são as tipologias de áreas de REN que, segundo a ZERO, “ficaram fora do regime de exceção” que altera o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial e “onde se poderá vir a construir habitação ou ter lugar outros usos complementares”.

“Há em todo o país vastas áreas com estas características que motivaram a sua inclusão na Reserva Ecológica Nacional, cuja preservação é indispensável, e que não tem qualquer sentido serem destruídas/impermeabilizadas”, afirmou a ZERO, em comunicado, considerando que as áreas REN onde legislação permitirá construção "são absolutamente críticas".

A posição da associação ambientalista surge no âmbito do Relatório do Estado do Ordenamento do Território (REOT) de 2024, elaborado pela Direção-Geral do Território e que esteve em discussão pública até 3 de janeiro.

Em comunicado, a associação refere que a nova legislação que altera o Regime Jurídico dos Instrumentos de Gestão Territorial (decreto-lei nº 117/2024), permitindo a construção em solos rústicos mediante deliberação municipal, tem recebido “uma forte contestação de diversos especialistas, de vários setores da sociedade civil e também de organizações não-governamentais como a ZERO”.

O REOT de 2024, segundo a ZERO, afirma que o solo é um recurso natural não renovável essencial para os ecossistemas, sendo crucial preservar a sua integridade, e “a impermeabilização do solo, associada à urbanização, é um dos principais fatores de degradação”, que compromete funções como produção de alimentos, regulação do ciclo da água, captura de carbono e suporte à biodiversidade.

Entre os dados deste relatório, a associação realça que, em 2018, mais de 90% do solo no território continental português permanecia não impermeabilizado, mas em municípios metropolitanos como Porto, Lisboa e Amadora, essa proporção era inferior a 60%, com o Porto a apresentar o menor valor (43%).

Em causa está a classificação de solo como rústico nos Planos Diretores Municipais (PDM) e a sua proteção por regimes como a Reserva Agrícola Nacional (RAN) e a Reserva Ecológica Nacional (REN), para preservar áreas aptas para usos agrícolas, florestais e conservação da biodiversidade.

Na perspetiva da ZERO, os dados do REOT indicam que “para muitos municípios, nomeadamente aqueles onde as necessidades de habitação são mais prementes, o decreto-lei tem pouca aplicabilidade e, portanto, é dispensável”.

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