ZERO lamenta que Conservação da Natureza tenha perdido a titularidade enquanto Secretaria de Estado
A ZERO - Associação Sistema Terrestre Sustentável lamentou esta sexta-feira o facto de, no novo ministério do Ambiente e Energia, a Conservação da Natureza ter pedido a titularidade enquanto Secretaria de Estado.
"Num momento em que se torna clara a relevância da biodiversidade para o bem-estar da Humanidade, o atual Governo opta por subalternizar esta área, parecendo adotar uma postura tendencialmente tecnocrática e algo ultrapassada de focar apenas no ambiente e energia, esquecendo-se que muitos dos serviços essenciais para o nosso bem-estar decorrem diretamente do funcionamento equilibrado dos ecossistemas", criticou.
Quanto ao titular da Secretaria de Estado do Ambiente, "ainda que seja sempre importante dar o benefício da dúvida", afirmou a associação ambientalista, "o currículo apresentado deixa algo a desejar quando se olha para uma pasta que engloba dossiers de enorme complexidade e que exigem, para uma ação eficaz, uma robusta preparação de base, e com um enfoque não apenas no local, mas também no nível nacional, europeu e mesmo mundial, o que não parece ser o caso".
Relativamente à nova secretária de Estado da Energia, para a ZERO a titular do cargo apresenta uma sólida experiência académica na área tutelada, o que pode ser visto como uma vantagem, "as resta saber até que ponto assumirá a urgência da ação nas áreas da suficiência e eficiência energéticas e das energias renováveis, em linha com o imperativo da mitigação climática", pode ler-se no comunicado de imprensa.
A ZERO lamentou ainda a alteração da titularidade do dossier das florestas, que passou, novamente, para o Ministério da Agricultura e Pescas: "Parece-nos que representa um passo atrás em termos da valorização das diferentes valências da floresta, parecendo haver um enfoque numa lógica mais produtivista. Ainda assim, o novo titular parece ter formação e sensibilidade para poder vir a dar resposta aos desafios que se colocam aos territórios de floresta associados à pequena propriedade e à necessidade de promoção de uma floresta multifuncional, biodiversa e resiliente. É também uma incógnita o que irá acontecer ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, nomeadamente se voltará a estar sob uma dupla tutela (Ambiente e Agricultura)".
Para finalizar esta análise, a ZERO saudou a manutenção da Secretaria de Estado do Mar: "Ainda que o currículo da titular do cargo pareça estar um pouco desenquadrado e aparentemente não reflita a formação técnica que se esperava de alguém que terá de lidar com temas complexos e de abrangência muito para além do território nacional".