Regresso ao passado

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Sabemos que a luta contra as alterações climáticas é global. Espera-se que os maiores emissores mundiais de CO2 - China, EUA, Índia e UE - contribuam de forma decisiva para controlar o aquecimento global.

Esta caminhada iniciou-se em 1997 com o acordo de Quioto. Os EUA são o maior emissor per capita a nível mundial (14,56 tCO2/hab), quase o dobro da China, embora em valores absolutos a China apresente o dobro das emissões dos EUA. A UE é o quarto maior emissor, cerca de metade dos EUA (dados Eurostat), tem ambiciosos objetivos, visando atingir as metas acordadas, em especial o saldo nulo de emissões em 2050. 

Trump sempre foi contra estes acordos. No seu primeiro mandato, já se tinha excluído. Porém, a sociedade e os estados sempre apoiaram e fomentaram a instalação de energias renováveis, quer eólicas quer fotovoltaicas, sendo o caso mais conhecido a Califórnia. A exploração do designado gás de xisto permitiu substituir algumas centrais a carvão por centrais a gás natural e diminuir as emissões de CO2.

Neste segundo mandato, a mudança é radical, abandonou, como anunciado, os acordos, considerou inútil e caro o “net zero emissions”, proibiu novas licenças para instalação de parques eólicos offshore, com prejuízos para várias empresas que tiveram de suspender os seus projetos, como foi o caso da EDP e Ørsted. A reintrodução das palhinhas de plástico já esquecidas, parece demonstrar desprezo pela biodiversidade dos oceanos. Estas decisões são sinais que parecem indiciar que não se ficará pelas “leis federais” e, se necessário, poderá intervir nos mais pequenos pormenores da vida quotidiana. A “idade dourada do domínio da energia pelos EUA” será suportada pela exploração do gás natural e petróleo, resumida na célebre frase: “drill baby drill”. 

A UE, face ao surgimento destas crescentes incertezas, terá de redefinir as suas prioridades na defesa e defender os seus interesses económicos.

Esta retórica, contra a globalização, está em consonância com a expansão do território geográfico dos EUA à custa dos países amigos e aliados, como o Canadá, a Gronelândia, o Panamá ou da intenção de se apoderar dos minerais da Ucrânia. Esta forma de aumentar o poder dilatando o domínio sobre o espaço geográfico já tinha ressuscitado na Rússia Imperial com a invasão da Ucrânia.

Esta drástica alteração na política geoestratégica tem sido complementada com uma guerra de tarifas que visa impor o domínio económico aos países até aqui amigos; as nações passariam a ter apenas interesses económicos.

A UE, face ao surgimento destas crescentes incertezas, terá de redefinir as suas prioridades na defesa e defender os seus interesses económicos.

Na política energética, teremos de continuar a incrementar a eficiência energética e explorar os recursos que dispomos, como as energias renováveis e o biometano. Face à imprevisibilidade gerada pela guerra das tarifas, a UE e Portugal têm a oportunidade de ser um porto de abrigo para empresas, investidores e investigadores descontentes com os EUA. Para termos êxito, necessitamos de um mercado energético que ofereça preços de energia baixos, elimine burocracias desnecessárias e desenhe instrumentos de apoio adequados que incentivem a inovação.

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