Observatório pode ajudar a combater secas
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Observatório pode ajudar a combater secas

A criação de um observatório permanente de seca, sem sede fixa, mas com todas as entidades e actores do sector da água, é uma das sugestões de combate ao fenómeno apresentadas por Celeste Coelho, docente do departamento de Ambiente e Ordenamento, da Universidade de Aveiro (UA).

A ideia vai ao encontro do que é proposto pela Comissão Europeia no que se refere à criação de um sistema nacional de informação. A primeira tentativa de implantação deste sistema surgiu com a Comissão para a Seca 2005, criada no âmbito do Programa de Acompanhamento e Mitigação dos Efeitos da Seca (Decreto-lei nº 83/2005). O objectivo  era acompanhar de forma permanente a seca e propor medidas de emergência.

Na opinião da especialista, estas medidas não resolvem o busílis da questão: «A seca é um fenómeno aleatório e silencioso. O reconhecimento da sua implantação é difícil de entender, pelo que os governos só agem quando o fenómeno se torna visível». Ou seja, a estratégia só é accionada mediante alertas do Instituto da Água, nomeadamente quando a capacidade de recolha de água do solo diminui ou quando o nível de água das albufeiras baixa. Daí a importância de criar competências de recolha e gestão de informação, mesmo nos anos em que o fenómeno não se verifica, remata Celeste Coelho. 

Além das medidas de prevenção, a professora da UA defende a necessidade de elaborar um instrumento de planeamento para combater situações de seca, sobretudo no que respeita ao uso dos solos. «No quadro actual de alterações climáticas, temos de começar a investir em culturas adaptadas ao nosso clima, isto porque grande parte da água é destinada à agricultura e irrigação, e o problema da seca também está relacionado com a escassez de água».

A opinião é partilhada por Eugénio Sequeira, presidente da Liga para a Protecção da Natureza. Para o especialista o principal problema da seca reside na escassez de água. «Há falta de água para os recursos naturais que temos. Já excedemos a nossa capacidade biofísica», alerta. Neste sentido, tem de haver «um reajustamento da capacidade da procura em relação à oferta», conclui.

Para equilibrar esta balança, Celeste Coelho sugere o desenvolvimento de programas de investigação, que reúnam especialistas, numa tentativa de melhor avaliar o risco e a gestão do fenómeno, bem como promover a avaliação contínua dos programas e acções que vão sendo desenvolvidos para se poder testar a sua eficácia no terreno.

Portugal está entre os países da Europa que registaram a maior frequência de seca desde 1976. A última seca do País, ocorrida em 2004/2005, teve um impacto económico de 821 milhões de euros, segundo um relatório divulgado pela Comissão Europeia.

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