
“Energia Simples” quer funcionar como um banco no mercado da electricidade (COM VÍDEO)
A “Energia Simples”, a marca da PH Energia para a comercialização de energia eléctrica no mercado livre, quer funcionar como um autêntico “banco”. Esta é a estratégia inovadora da empresa, com sede no Porto, criada apenas há um ano, que comercializa quase 400 GWh/ano, entre clientes residenciais e industriais, e já atingiu 12 milhões de euros de facturação.
“O que pretendemos é que um conjunto de consumidores domésticos, condomínios ou bairros inteiros de moradias, tenham instaladas centrais fotovoltaicas, com quatro, cinco ou seis painéis, e que essa energia seja consumida localmente. A energia produzida em excedente será vendida não à rede, mas sim partilhada com a comunidade do bairro”, explica ao Ambiente Online um dos fundadores Manuel Azevedo.
A empresa, enquanto operador independente, que só trabalha na prestação de serviços, "no último patamar da cadeira de valor", sem produção ou distribuição, mas apenas na venda, posiciona-se assim de forma diferente no mercado: “Somos como um banco, que pega no dinheiro das pessoas e depois vende com uma margem pequena”, resume.
A ideia é criar bairros ecológicos e sustentáveis onde o grau de energia renovável produzida localmente seja o maior possível. O primeiro projecto vai ser implementado no Bairro Norton de Matos, em Coimbra, num universo de 10 a 15 moradias. “O bairro vai produzir entre 30 a 50 por cento da sua própria energia. Haverá ligação à rede, ou seja, as pessoas não correm o risco de ficar às escuras. Não será preciso investir em sistemas de armazenamento, já que vamos comprar e vender essa energia virtualmente aos clientes que estão a necessitar dela. Ou porque não têm produção suficiente ou não têm nenhum sistema de auto consumo”, ilustra.
A empresa está disponível até para vender kits de autoconsumo, pagos em prestações, mas quer ir mais longe instalando na casa do cliente painéis fotovoltaicos, fazendo a gestão da energia em articulação com a rede e oferecendo depois um serviço de “conta certa energética”. A vantagem é que o cliente pagará um preço fixo pelo seu consumo e não terá imprevistos. “Quando no final do ano a electricidade aumentar não terá surpresas e pode ir comprar as prendas de Natal”, assegura.
A “Energia Simples” poderia comprar energia eléctrica no mercado grossista ou a um produtor de grande dimensão, mas quer tirar partido da energia eléctrica produzida no local pelo cliente que é a mais barata e ecológica. “O nosso objectivo como pequeno comercializador é comprar a energia eléctrica ao mais baixo preço possível e a melhor forma é produzi-la localmente no cliente”, explica Manuel Azevedo que lembra que uma das apostas da empresa é gerar poupanças e promover a eficiência energética.
A empresa é constituída por três sócios (Manuel Azevedo, João Brito e Raúl Bessa), com 55 por cento e dois business angels (investidores privados). Entre os clientes da “Energia Simples” está a toda a cadeia de hotéis Tivoli e a Porto Editora.
A aposta no segmento doméstico justifica-se para que a marca ganhe visibilidade junto dos consumidores daí que tenham concorrido ao leilão da Deco ganhando nos distritos onde concorreram.
Para os clientes industriais a estratégia passa igualmente por instalar as centrais fotovoltaicas que são pagas por via da factura que o cliente paga pela energia à empresa. Um dos últimos investimentos ronda os 100 mil euros. É junto dos grandes clientes industriais que a Energia Simples está a ganhar mercado. Tem actualmente 350 GW/h, mas quer chegar aos 500 GWh/ano, revelou ontem o fundador numa conversa com jornalistas.
Até 2020 pretendem conquistar 100 mil clientes domésticos e conseguir 1000 GWh/ano no total, abarcando quatro mil clientes. Manuel Azevedo que não tem dúvidas de que o mercado da electricidade seguirá os passos do mercado das telecomunicações. Este é apenas o princípio da revolução.
Ana Santiago