ZERO queixa-se a Bruxelas de
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ZERO queixa-se a Bruxelas de "má gestão" de fundos para a agricultura e "violação da diretiva Aves"

A associação ambientalista ZERO – Associação Sistema Terrestre Sustentável apresentou uma queixa à Comissão Europeia contra Portugal por "violação da diretiva Aves", que visa proteger as aves selvagens no espaço comunitário, e por "má gestão dos fundos europeus destinados à agricultura".

 

Em comunicado, a associação ambientalista justifica a ação com o "decréscimo alarmante" de espécies de aves estepárias (predominantes em estepes) "que estão protegidas por lei", revelando, de acordo com dados solicitados ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), que as populações da águia-caçadeira diminuíram 76% (85 no Alentejo), as do sisão 49%  e as da abetarda 50% nos últimos 10 anos.

 

A associação salienta que estas espécies, que têm "a maior parte da sua população" no Alentejo, "estão muito dependentes" da rotação entre culturas de cereais de sequeiro e o pousio, "tendo sido designadas 13 Zonas de Proteção Especial (ZPE) com vista à sua conservação".

 

A ZERO aponta ainda várias razões para explicar o "decréscimo brutal" das espécies de aves estepárias. De destacar, os "fracos apoios", por hectare, aos agricultores para a sua conservação, que "parecem não compensar os custos adicionais e de oportunidade face, por exemplo, a outras atividades mais competitivas e mais subsidiadas, como a produção de gado bovino ou a agricultura de regadio, assinalando que as pastagens e as culturas forrageiras, ligadas à produção de gado, ocupam a maior parte das áreas declaradas em oito das 13 ZPE.

 

Em "quase todas" estas ZPE, de acordo com a ZERO, "proliferam situações de intensificação agrícola de génese ilegal associadas ao regadio que alteraram o uso do solo" sem que o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) "tenha efetuado qualquer diligência no sentido de garantir a reposição da situação anterior".

 

Ainda, "as datas de cortes de cereais e de culturas forrageiras são autorizadas sem que se tenha em conta o ciclo de reprodução das espécies" das aves, apontando ainda a falta de planos de gestão para cada uma das ZPE e de um plano de ação para a conservação das aves estepárias, o qual, diz, "há muito se encontra elaborado" pelo ICNF, mas "nunca foi aprovado pela tutela".

 

De acordo com a associação ambientalista, apenas a alteração do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) 2023-2027, do qual Portugal "aguarda por uma decisão" de Bruxelas, "pode salvar da extinção" as aves estepárias, em particular a águia-caçadeira, o sisão e a abetarda.

 

"Há que repensar os montantes dos apoios aos agricultores com atividade agrícola situada nas ZPE Estepárias, para que os mesmos sejam adequada e justamente compensados por custos adicionais, custos de oportunidade e por perdas de rendimento pela adesão aos apoios zonais destinados à manutenção da rotação de sequeiro cereal-pousio", defende.

 

Numa reação ao comunicado, o Ministério da Agricultura alegou à Lusa desconhecimento da queixa da Zero e que o PEPAC "respeita os regulamentos europeus e está em linha com a proposta do quadro da ação prioritária para a biodiversidade".

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