BINGO vai minimizar escassez de água perto do maior campo de refugiados sírios
ambiente

BINGO vai minimizar escassez de água perto do maior campo de refugiados sírios

O BINGO, um projecto europeu liderado por Portugal através do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), vai contribuir para minimizar o problema de escassez e qualidade de água numa região  da Jordânia, Yarmouk, na fronteira com a Síria, perto do maior campo de refugiados sírios do mundo com um milhão e meio de pessoas, revelou ao Ambiente Online a coordenadora do projecto, Rafaela Matos.

“Na zona toda a água é bombada de aquíferos e também recursos hídricos superficiais muito escassos. Há aqui um problema de água e energia. A ideia é utilizar bombas de consumam menos energia na distribuição de água e ao mesmo tempo garantir a qualidade da água em contextos que podem ser de grande severidade de clima”, explica a especialista.

O Ambiente Online já tinha noticiado o interesse que existia, por parte dos países do Médio Oriente e Norte de África em replicar o projecto BINGO [Bringing INnnovation to onGOing Water Management – A better control of our future under climate change], mas existe agora esta possibilidade concreta que a equipa do BINGO já baptizou de “BINGO Jo” e que decorrerá em paralelo com o projecto original que se destina a desenhar soluções de adaptação às alterações climáticas para o ciclo integrado da água.

“É muito interessante que o BINGO possa desde já ter um caso de estudo fora da sua esfera de actuação e um caso tão extremado que põe à prova todo o engenho que possamos ter na resolução de um problema que é tão complexo”, salienta Rafaela Matos, que lembra que um em cada cinco refugiados no futuro deverá ser um refugiado climático.

O projecto será implementado com a colaboração do município local e associação de regantes. Por definir está apenas o financiamento. A ideia é que o novo projecto tenha a chancela da União para o Mediterrâneo, sediada em Barcelona, e que a partir daí possam conseguir-se fontes de financiamento que podem passar, por exemplo, pelo Banco Islâmico de Desenvolvimento, por exemplo. “Se for necessário mais do que um país do mundo árabe por que não ir para Marrocos, que é um país com problemas graves de qualidade da água e onde existe grande interesse. Quem diz Marrocos diz Argélia ou Tunísia”, avança.

 

A oportunidade surgiu aquando de uma visita à Jordânia e no decorrer de contactos com docentes da Jordan University interessados em resolver a problemática da qualidade da água na região.

“Se associarmos à terrível ameaça humanitária dos refugiados, por razões de guerra, os problemas climáticos a situação pode ser demolidora. Queremos auxiliar também nessa dimensão mitigando os efeitos que a falta de água implica para os diferentes usos que a requerem. Falamos não só de água para beber, mas também para produção alimentar”.

Uma nova dimensão societal, ao nível da cultura e língua árabe, abre-se com o novo projecto, sublinha Rafaela Matos. “Através de bons projectos, que resolvem problemas das pessoas têm, ganha-se confiança para que estes países possam melhorar a sua relação política. É também um contributo para a paz”.

Para Rafaela Matos este é “um desafio extraordinário” e um exemplo que se pode dar às gerações vindouras de como é possível resolver “problemas muito grandes usando o diálogo como arma em vez da guerra”.

Ana Santiago

Topo
Este site utiliza cookies da Google para disponibilizar os respetivos serviços e para analisar o tráfego. O seu endereço IP e agente do utilizador são partilhados com a Google, bem como o desempenho e a métrica de segurança, para assegurar a qualidade do serviço, gerar as estatísticas de utilização e detetar e resolver abusos de endereço.