
Lipor encomendou a laboratório francês análises a cinzas inertizadas que são depositadas em aterro
A Lipor - Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto –encomendou a um laboratório francês análises às cinzas inertizadas, que são depositadas em aterro de resíduos banais, de forma a responder às questões levantadas pela Agência Portuguesa do Ambiente, confirmou ao Ambiente Online o administrador delegado da Lipor, Fernando Leite.
O responsável revela que os resultados destas análises, que tiveram que ser feitas num laboratório devidamente credenciado fora do país, dada a sua “complexidade”, deverão ser conhecidos em breve.
“É nossa firme convicção que os resultados vão confirmar todo o conjunto de outros resultados obtidos em análises anteriormente realizadas concluindo pela não perigosidade das cinzas inertizadas”, sublinha Fernando Leite.
A Lipor esclarece ainda que respondeu em Novembro às questões levantadas em Setembro pela APA, que entretanto solicitou outros elementos adicionais já no início de Dezembro, nomeadamente as análises em causa.
Como o Ambiente Online noticiou ontem a autoridade nacional de resíduos que só irá pronunciar-se sobre o assunto depois de estar na posse dos elementos solicitados.
A colocação destas cinzas em aterro de resíduos não perigosos, apesar de inertizadas, como sublinha a Lipor, levanta dúvidas à Quercus. O coordenador do centro de informação de resíduos desta associação ambientalista publicou no Ambiente Online um artigo de opinião - “Cinzas perigosas da Lipor em aterro de resíduos banais: Isto é legal?” - em que alerta para a alegada perigosidade deste procedimento.
“Os resíduos que resultam do tratamento feito na Lipor, à luz da legislação em vigor, ainda são considerados perigosos porque a adição de cimento não retira a perigosidade dos mesmos, pelo que não poderiam de forma alguma poder ser enviados para um aterro de resíduos não perigosos”, denuncia.
A Lipor volta a sublinhar que “nunca depositou, não deposita, nem nunca depositará” cinzas volantes da central de valorização energética em aterro. “Isto porque a nossa instalação de tratamento incorpora um processo dedicado de tratamento de cinzas, com recurso a ligantes hidráulicos, resultando do mesmo cinzas inertizadas (e não cinzas volantes). Este resíduo (cinzas inertizadas) não apresenta características de perigosidade, como melhor evidenciam todas as monitorizações feitas ao longo dos já 15 anos de atividade da Instalação”, reforça.
Ana Santiago